No RJ, jogador entra em campo com tornozeleira eletrônica
Aos 30 anos, o meia-atacante Yuri de Carvalho, do Goytacaz, disputou o primeiro jogo da final do Carioca da Série B2 usando uma tornozeleira eletrônica
Um fato curioso chamou a atenção no futebol carioca. No último domingo (30/11), Macaé e Goytacaz se enfrentaram no primeiro jogo da final do Campeonato Carioca da Série B2, equivalente à quarta divisão do estadual do Rio de Janeiro. O empate de 1 a 1 deixou a decisão em aberto. No entanto, o momento de destaque do confronto ficou por conta da presença do meia-atacante Yuri de Carvalho, de 30 anos.
Isso porque o camisa 18 do Goyta foi a campo usando uma tornozeleira eletrônica. Em 2018, o jogador foi preso por tráfico de drogas e passou os últimos sete anos encarcerado na Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro, em Campos dos Goytacazes. Em maio, Yuri de Carvalho recebeu o direito à progressão de regime, saindo da cadeia para cumprir o restante da pena com a tornozeleira eletrônica.
Em entrevista ao site Manchete RJ, Yuri falou sobre a oportunidade recebida. De acordo com o atleta, que começou a carreira profissional justamente no Goytacaz, em 2016, o retorno ao clube é um recomeço. Segundo o camisa 18, a nova chance é encarada por ele com erguida. Além disso, o jogador afirma que apender a dar valor às coisas da vida.
“O Goytacaz está me dando uma nova oportunidade, uma oportunidade de estar recomeçando. O que eu mais aprendi foi a dar valor, valorizar as coisas que a gente tem, a oportunidade que a gente tem. Estou aqui de cabeça erguida. Errei, mas estou aqui para recomeçar. Como eu falei, tudo isso que passei está servindo de aprendizado para a minha vida e que, graças a Deus, eu vou estar dando a volta por cima”, disse Yuri Carvalho à página Manchete RJ.
Ao Globo Esporte, a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) citou que a inclusão e a ressocialização são funções primordiais do esporte. No entanto, a entidade disse que buscará informações sobre a legalidade da atividade profissional de um atleta em uso de tornozeleira eletrônica para que erros no julgamento do caso não sejam cometidos.
“Com a missão de ir muito além dos gramados, reforçando a busca pela formação de cidadãos antes de atletas, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro entende que a inclusão/ressocialização é função primordial do esporte. Sobre a participação do atleta em uso de tornozeleira eletrônica, equipamento de monitoramento da Justiça, a FERJ buscará informações se há proibição legal do exercício da atividade profissional para não cometer erro de julgamento no caso.”, comentou a Ferj ao Globo Esporte.
O Goyta chegou a realizar uma solicitação, junto à Vara de Execução Penal (VEP), pedindo a retirada do aparelho de monitoramento de Yuri. Porém, o pedido ainda não foi apreciado. Mesmo com a temporada ainda em andamento, o Goytacaz tem o interesse em renovar o contrato do meia-atacante após o fim do campeonato. Desde que saiu da prisão, o camisa 18 participou de quatro jogos.
No próximo domingo (07/12), no Estádio Aryzão, em Campos dos Goytacazes, Gotya e Macaé fazem o segundo jogo da final da Série A2 do Campeonato Carioca. Um novo empate leva a decisão para os pênaltis.