Pendurou as luvas

Popó deixa o boxe após 35 anos de carreira e episódio de confusão em evento

Tetracampeão mundial encerra ciclo após confusão com Wanderlei Silva e diz querer preservar a saúde

Após episódio de briga generalizada, Popó anuncia aposentadoria
Foto: Victor Affaro

O tetracampeão mundial Acelino “Popó” Freitas, de 50 anos, anunciou oficialmente sua aposentadoria do boxe. A decisão foi comunicada na noite desta segunda-feira (6/10), durante coletiva de imprensa do Fight Music Show. Segundo o ex-pugilista, o episódio de confusão generalizada após a luta contra Wanderlei Silva, no Spaten Fight Night, foi determinante para o encerramento da carreira.

Popó esteve presente no evento para divulgar a luta entre Davi Brito e Sacha Bali, duelo que substitui o confronto que seria entre ele e Diego Alemão. O baiano já havia sido afastado do Fight Music Show por conta de uma cirurgia na mão direita e pela suspensão imposta após a briga com o “Cachorro Louco”.

Visivelmente emocionado, o ex-campeão afirmou que chegou o momento de encerrar o ciclo nos ringues e classificou o episódio como o mais constrangedor de sua trajetória.

“Você não tem ideia de como foi vergonhoso para mim. Passar pelo o que eu passei naquele ringue, substituir alguém para o evento acontecer, não pelo dinheiro. Não preciso do dinheiro. E passar por aquela humilhação, do cara subir em cima do ringue e me dar tanto soco. Isso para mim foi uma das piores humilhações que eu tive na minha vida como lutador. E esse é um dos motivos de eu parar aqui hoje e falar para Mamá (Brito, organizador do evento), falar para Cremilda (Thome, também da organização) e falar para todo o Brasil: a minha vergonha foi tão grande que hoje eu paro de lutar, não quero mais saber de boxe”, afirmou Popó.

O ídolo do boxe brasileiro ressaltou que a decisão é também uma forma de preservar sua saúde e dedicar mais tempo à família, após 35 anos de carreira.

“Pessoal, foram 35 anos tomando soco na cara. Saco, que é saco de boxe, tem uma época que a gente tem que trocar porque recebeu muito soco. Imagine soco na cabeça. Então, eu quero preservar a minha saúde e não parar com o boxe falando assim um dia: ‘Ali, o boxe deixou aquele cara maluco’. Eu não quero que ninguém me culpe pelo esporte. Eu quero que alguém olhe para mim e que veja que o meu esporte é um esporte sadio, um esporte de saúde, é um esporte que ajuda as pessoas, é um esporte que dá dinheiro, é um esporte que promove vidas. Então, eu paro aqui hoje, consciente, que tudo tem o seu tempo. Tudo na vida tem o começo, o meio e o fim. E hoje chegou o fim de um ciclo, e que junto com Mamá, que é meu sócio, a gente vai continuar fazendo os melhores eventos do Brasil.”

Popó reforçou ainda que não sente mais a necessidade de provar nada a ninguém e que pretende aproveitar uma nova fase da vida fora dos ringues.

“Não tenho por que mais… Não tenho mais nada para provar para ninguém. Foram sete campeonatos mundiais, como supercampeão do mundo e tudo. Tenho 50 anos, acabei de fazer 50 anos. Eu tenho uma vida para curtir, tenho neto para curtir. E não tenho por que me expor tanto assim como aconteceu com aquela luta. Então, eu sei, Cremilda, o que é que hoje eu estou passando e estou sofrendo com isso. Eu nunca fui agredido daquela forma. Vergonhoso para mim, vergonhoso para o boxe”, completou.

Com um cartel de 42 vitórias em 44 lutas, sendo 34 por nocaute, Acelino Popó Freitas encerra oficialmente uma das carreiras mais vitoriosas da história do boxe brasileiro. Vale lembrar que, em outubro do ano passado, o baiano já havia anunciado uma aposentadoria simbólica após enfrentar o argentino Jorge El Chico, prometendo voltar aos ringues apenas em desafios especiais.