Presidente de sindicato chama Mundial de ‘pão e circo’ e critica Infantino: ‘Não pode brincar com a saúde dos jogadores’
O Sindicato também criticou a realização de partidas da Copa do Mundo, na próxima temporada, que irá ocorrer nos EUA
Por O Globo: Em comunicado divulgado no site oficial, o presidente da Fifpro, sindicato mundial de jogadores de futebol, Sergio Marchi, fez duras críticas à Copa do Mundo de Clubes. O dirigente acusou a Fifa de não proteger a saúde dos atletas e pediu diálogo na tomada de decisões sobre torneios.
O torneio, disputado nos Estados Unidos, terminou no último domingo, com uma final entre Chelsea e PSG. Os ingleses venceram por 3 a 0.
“A Fifpro vem alertando sobre a saturação do calendário, a falta de descanso físico e mental dos jogadores e a falta de diálogo da Fifa. Essa forma de organizar torneios, sem escutar a federação que representa as associações de jogadores pelo mundo, é unilateral, autoritária e baseada apenas na lógica da rentabilidade econômica, não na sustentabilidade humana”.
Em outro trecho do comunicado, o sindicato, que já vinha criticando o torneio meses antes de sua realização, chega a chamar a promoção do torneio de “pão e circo”. Marchi ainda pede que as partidas sobre calor extremo não aconteçam “em nenhuma circunstância” na Copa do Mundo de 2026, que terá Estados Unidos, México e Canadá como sedes.
“O que foi apresentado como uma celebração global do futebol não passou de uma ficção encenada pela Fifa, comandada pelo seu presidente. Sem diálogo, sensibilidade e respeito por aqueles que sustentam o jogo com seus esforços diários. Uma eloquente encenação que inevitavelmente faz lembrar o “pão e circo” da Roma do imperador Nero. Entretenimento para as massas, enquanto, por trás das cortinas, a desigualdade, a precariedade e a falta de proteção dos verdadeiros protagonistas se aprofundam”.
Veja o comunicado oficial da Fifpro sobre a Copa do Mundo de Clubes
Ainda que a Copa do Mundo de Clubes tenha gerado entusiasmo entre os torcedores e permitido que grandes nomes do futebol mundial estivessem no mesmo torneio, a Fifpro não deixar de apontar, com toda a clareza, que essa competição esconde uma perigosa desconexão com a verdadeira realidade que a maioria dos jogadores de futebol vive pelo mundo.
O que foi apresentado como uma celebração global do futebol não passou de uma ficção encenada pela Fifa, comandada pelo seu presidente. Sem diálogo, sensibilidade e respeito por aqueles que sustentam o jogo com seus esforços diários. Uma eloquente encenação que inevitavelmente faz lembrar o “pão e circo” da Roma do imperador Nero. Entretenimento para as massas, enquanto, por trás das cortinas, a desigualdade, a precariedade e a falta de proteção dos verdadeiros protagonistas se aprofundam.
A maioria dos jogadores não recebe seu salário integralmente, joga apenas alguns meses do ano e o faz sem a mínima garantia de estabilidade, cobertura médica e condições de trabalho decentes. Essa realidade é completamente ignorada pela Fifa, que escolheu continuar aumentando suas receitas às custas dos corpos e da saúde dos jogadores.
O torneio foi disputado sob condições inaceitáveis, com partidas sob calor extremo e temperaturas que colocam a integridade física dos jogadores em risco. Essa situação deve ser não apenas denunciada, como também fortemente condenada. Em nenhuma circunstância isso pode acontecer novamente na Copa do Mundo do ano que vem.
A Fifpro vem alertando sobre a saturação do calendário, a falta de descanso físico e mental dos jogadores e a falta de diálogo da Fifa. Essa forma de organizar torneios, sem escutar a federação que representa as associações de jogadores pelo mundo, é unilateral, autoritária e baseada apenas na lógica da rentabilidade econômica, não na sustentabilidade humana.
Vocês não podem mais brincar com a saúde dos atletas para alimentar uma máquina de marketing. Nenhum espetáculo é possível se a voz dos protagonistas é silenciada.
A Fifpro reitera seu compromisso, vamos defender todos os direitos, todos os abusos, e vamos demandar que Fifa adote uma política de verdadeira inclusão, que respeite a integridade dos jogadores e os coloque no centro de todas as decisões.