Textor não apresenta garantias financeiras e Lyon é rebaixado para a segunda divisão do futebol francês
Equipe francesa disse que irá recorrer da decisão

O rebaixamento do Lyon para Ligue 2 foi confirmado pela Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG), nesta terça-feira, durante audiência na sede da Liga de Futebol da França. John Textor, presidente da Eagle, que controla o clube francês, e Mickaël Gerlinger, diretor de futebol do clube, foram ouvidos pelo órgão com o intuito de afastar a ameaça de descenso, que havia sido anunciada em novembro passado.
Porém, as garantias apresentadas pelo clube para melhorar a situação financeira e o pagamento da dívida de cerca de 175 milhões de euros (a dívida total da holding chega a 500 milhões de euros, segundo a imprensa francesa) não convenceram a entidade, que decidiu oficializar o rebaixamento do clube. O Lyon reconheceu a “decisão incompreensível” da DNCG e afirmou que vai recorrer imediatamente para mudar a decisão em primeira instância.
Antes da audiência, John Textor disse que estava “satisfeito”. Há quatro dias, o empresário havia se mostrado confiante em entrevista ao L’Équipe.
— Realizamos diversos investimentos nas últimas semanas — disse o proprietário do Lyon, após a vitória do Botafogo, também de sua propriedade, sobre o PSG, no Mundial de Clubes. — Está tudo certo financeiramente.
Confira a nota completa do Lyon
O Olympique Lyonnais reconhece a decisão incompreensível proferida pela DNCG esta noite e confirma que recorrerá imediatamente.
Nos últimos meses, trabalhamos em estreita colaboração com a DNCG, atendendo a todas as suas demandas com investimentos de capital superiores aos valores solicitados. Graças às contribuições de capital dos nossos acionistas e à venda do Crystal Palace, nossa posição de caixa melhorou significativamente e temos recursos mais do que suficientes para a temporada 2025/26.
Com recursos comprovados e sucesso esportivo que nos garantiu uma vaga nas competições europeias por dois anos consecutivos, sinceramente não compreendemos como uma decisão administrativa pôde rebaixar um clube francês tão importante. Apelaremos para demonstrar nossa capacidade de fornecer os recursos financeiros necessários para garantir a presença contínua do OL na Ligue 1.
Vendas de participação e jogadores
Há um mês, o DNGC marcou o julgamento do Lyon, que precisava provar que teria recursos para cumprir com suas obrigações financeiras na próxima temporada e não ser punido com o rebaixamento. Entre as garantias, Textor não pôde, no entanto, contar com direitos de transmissão antecipados nem com promessas de vendas em seus orçamentos, conforme o órgão avisou previamente.
À época, a imprensa francesa, não acreditava no rebaixamento como punição. Previa que o órgão poderia ser rígido em outros aspectos, como proibição de contratações e controle da folha salarial. De qualquer forma, Textor teria que apresentar garantias da capacidade do Lyon em se manter viável financeiramente. Desde o início do ano, o Lyon vendeu 110 milhões de euros em jogadores e reduziu sua folha de pagamento — a negociação de Rayan Cherki para o Manchester City, por exemplo, rendeu 42,5 milhões de euros. A Eagle também anunciou uma injeção de 83 milhões de euros, e alguns acionistas, como Michele Kang, teriam investido no clube.
A venda da participação de Textor no Crystal Palace e a entrada da Eagle na Bolsa de Nova York foram outras promessas para angariar receitas novas. Nos últimos dias, o IPO passou pela fase de “rascunho de declaração de registro”, protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (SEC). O plano de recapitalização prevê levantar US$ 1,1 bilhão (R$ 6,3 bilhões).
Em relação à venda das ações do Crystal Palace, um acordo foi assinado com Woody Johnson para a compra da participação de 45% por um valor superior a € 200 milhões. Porém, é necessária a aprovação da Premier League.
Entenda o caso
Em novembro de 2024, o Lyon havia sofrido um transfer ban por decisão da DNCG por não cumprir com as obrigações financeiras. O clube foi proibido de contratar na janela de transferências de janeiro.
Na ocasião, Textor compareceu a uma reunião com representantes da DNCG, mas seus argumentos no que diz respeito às finanças não convenceram o órgão. Era esperado que os dirigentes do Lyon apresentassem garantias financeiras de, pelo menos, 100 milhões de euros (R$ 600 milhões) para a atual temporada.
Assim, a equipe sofreu outro transfer ban, agora para a janela do meio da temporada europeia. E, se não houvesse mais controle sobre a folha de pagamento e outros gastos, estava prevista a possibilidade de rebaixamento do clube na liga francesa. (POR O GLOBO)