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Abraçadores: clientes pagam quase R$ 400 por uma hora de carinho

Técnica se baseia em estudos científicos, garante 'abraçadora'

Abraçadores: clientes pagam quase R$ 400 por uma hora de carinho (Foto: Pixabay)
Abraçadores: clientes pagam quase R$ 400 por uma hora de carinho (Foto: Pixabay)

O ramo de prestação de serviços diversificou-se um pouco mais em países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá com o surgimento de um novo tipo de profissional: o “abraçador”.

Na América do Norte, associações que reúnem empresas do gênero falam em um pagamento médio de US$ 85 por hora. Nos arredores de Londres, a mulher de 30 anos cobra cerca de 170 libras por cada sessão de três horas. Se quiser uma hora, o cliente paga £65.

Em entrevista ao Daily Mirror no dia 2 de fevereiro de 2022, a britânica Kristiina Link, que trabalha como abraçadora, explica como a ideia surgiu. “Em 2019, eu estava sentindo falta do lado carinhoso e afetuoso de um relacionamento depois de ficar solteira. Pensei que deveria haver um serviço onde as pessoas se ajudassem e se abraçassem – é um pouco como Uber para carinho”, disse.

Ela não é a primeira profissional do ramo. Há registro de “professional cuddlers” desde 2015.

Kristiina cria um ambiente em que o cliente possa se sentir à vontade, pergunta sobre áreas de toque desconfortável e acondiciona a pessoa em um ambiente com música tranquila e uma grande cama de casal.

“Começo tocando música calmante, segurando as mãos e encorajo a respiração profunda para que eles se sintam presentes no momento. Nós nos abraçamos em várias posições, como ficar em pé e de conchinha, mas eu mudo a posição a cada 15 minutos, caso contrário os braços ficam doloridos e as pessoas precisam se alongar”, detalha. Ela explica que “é importante que as pessoas sintam que estão em um espaço seguro e foram conectadas com a pessoa certa”.

Abraçadora faz sucesso em Londres

A entrevista ao Daily Mirror foi um sucesso em Londres, e ajudou Kristiina a divulgar o próprio nome. “Eu nunca tinha ouvido falar da terapia de toque antes de ler a entrevista de Kristiina no jornal. Decidi, imediatamente, começar com a terapia e, tendo vivido essa experiência, posso dizer que ela é uma das melhores ferramentas para trazer calma alegria e conectividade”, diz um relato compartilhado pela ‘abraçadora’ no perfil ‘touchunwind’, que a autointitulada terapeuta usa como forma de contato no Instagram.

Kristiina afirma que não é psicóloga ou qualquer outra concepção mais tradicional de terapeuta. Os resultados do tratamento que ela aplica, entretanto, estão alicerçados em uma informação muito difundida pela ciência: a de que o contato fisico desencadeia a liberação de ocitocina, o hormônio do amor.

Fisiologicamente, a substância está ligada às contrações uterinas na hora do parto, à liberação de leite durante a amamentação e à sensação de bem estar depois de um orgasmo. Socioemocionalmente, essa molécula está associada a uma redução nos níveis de estressemaior conexão entre casais, a primeira onda de amor dos pais em relação aos filhos recém-nascidos e a um maior comprometimento ético e moral dentro de grupos.

“No meu trabalho, vejo muitas pessoas que estão se sentindo isoladas por causa da pandemia, bem como aquelas que estão de luto e precisam de conforto físico”, contou a abraçadora.

A terapeuta afirma que observa com atenção qualquer sinal de que o cliente pode estar criando um vinculo com ela, o que não é permitido. “Meus clientes entendem que o aconchego é uma forma de terapia de toque plutônico, no entanto, tive clientes regulares que vêm todas as semanas e às vezes vejo isso como um sinal de que eles estão apegados”, diz Kristiina.