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Áudio vazado, corrupção e propina: tudo sobre o escândalo que abala o governo Milei

Um áudio vazado envolvendo Karina Milei, irmã e braço direito do presidente argentino Javier Milei,…

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Foto: X

Um áudio vazado envolvendo Karina Milei, irmã e braço direito do presidente argentino Javier Milei, trouxe à tona suspeitas de corrupção e cobrança de propina em contratos para compra de medicamentos para pessoas com deficiência, gerando um escândalo que abalou o governo Milei às vésperas das eleições legislativas. Os áudios, atribuídos ao ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), Diego Spagnuolo, acusam Karina e o subsecretário Eduardo “Lule” Menem de receber porcentagens de contratos superfaturados, enquanto o presidente Javier Milei ainda não se pronunciou oficialmente.

O conteúdo dos áudios e as acusações

Segundo os áudios divulgados, Diego Spagnuolo afirma que Karina Milei e Eduardo Menem recebiam propina de 8% sobre contratos do governo, com rendimentos estimados entre US$ 500 mil e US$ 800 mil mensais. Karina seria a principal beneficiária, ficando com 3% a 4% do total arrecadado. Eduardo Menem, primo do presidente da Câmara, Martín Menem, teria atuado como operador do esquema, com apoio de empresários ligados à distribuidora Suizo Argentina, intermediando a venda de medicamentos à rede pública.

Spagnuolo ainda aponta que o presidente Javier Milei teria conhecimento da situação, afirmando que “estão fraudando a minha agência” e que “estão roubando. Você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApp de Karina.”

Repercussão imediata e medidas do governo

O escândalo veio à tona em 20 de agosto, provocando uma crise inesperada no governo Milei. No dia seguinte, Spagnuolo foi demitido, e o governo anunciou uma intervenção na Andis pelo Ministério da Saúde. Também foi afastado o diretor Daniel Garbellini, apontado como elo da agência com empresários envolvidos no esquema.

Na última sexta-feira (22), autoridades argentinas realizaram buscas e apreensões nas sedes da Andis e da Suizo Argentina. Foram recolhidos quatro celulares, incluindo o de Spagnuolo, e US$ 266 mil em espécie com Emmanuel Kovalivker, representante da distribuidora. O irmão dele, Jonathan, que estava foragido, se apresentou às autoridades nesta segunda-feira (25). Todos os aparelhos agora passam por perícia para confirmar ou refutar as acusações de corrupção e propina.

Silêncio e posicionamento de Milei e aliados

Javier Milei ainda não se pronunciou diretamente sobre o caso, mas apareceu sorridente ao lado da irmã em evento com empresários nesta segunda-feira (25), ignorando as acusações. Ele criticou jornalistas e opositores, mas não comentou sobre os áudios ou sobre a propina apontada no esquema.

Karina Milei manteve silêncio, enquanto Eduardo Menem questionou a autenticidade dos áudios e negou envolvimento em irregularidades. “Conheço o trabalho deste governo contra a corrupção e não duvido da integridade de nenhum dos funcionários mencionados”, disse Menem, em postagem replicada por Karina e Milei no X. Martín Menem, presidente da Câmara, também defendeu os acusados, classificando o caso como “uma armação política” e afirmando que “ponho as mãos no fogo por Lule Menem e Karina Milei.”

Impacto político e eleições

O escândalo estoura em um momento delicado para Milei. A popularidade do presidente caiu nas últimas semanas para 41%, e o governo enfrentou derrotas no Congresso em decisões sobre cortes de gastos públicos. As eleições legislativas de 26 de outubro podem refletir esse desgaste, sendo encaradas como um referendo sobre a agenda de austeridade do governo.

Além das denúncias na Andis, o governo já foi criticado por sua relação com a criptomoeda $Libra e pela entrada de empresários com bagagens sem fiscalização alfandegária, fatores que aumentam a pressão política sobre Milei.

Investigações em andamento

A Justiça argentina abriu investigação sobre os áudios vazados e iniciou buscas detalhadas para coletar evidências. Diego Spagnuolo é um dos cinco réus no processo, que apura suborno, corrupção, administração fraudulenta e violações éticas. O juiz federal Sebastián Casanello determinou a proibição de saída do país para os investigados, enquanto a perícia analisa celulares e documentos apreendidos.