CLIMA

China se compromete pela 1ª vez a reduzir emissões absolutas de gases do efeito estufa

Antes, país estabelecia suas metas de combate ao efeito estufa atreladas ao PIB, sem dar números absolutos

China se compromete pela primeira vez a reduzir emissões absolutas de gases do efeito estufa (Foto gerada por IA)
China se compromete pela primeira vez a reduzir emissões absolutas de gases do efeito estufa (Foto gerada por IA)

(Folhapress) A China se comprometeu, pela primeira vez na história, a reduzir as emissões absolutas de gases do efeito estufa. Com as novas metas apresentadas pelo país na ONU (Organização das Nações Unidas), por meio do líder Xi Jinping, o país passa a estipular uma redução líquida de 7% a 10% nas emissões em relação ao pico (nível mais alto das emissões).

Antes da nova contribuição nacionalmente determinada (NDC, na sigla em inglês, nome dado ao compromisso de cada país no Acordo de Paris), a China estabelecia suas metas com base na intensidade das emissões, determinando reduções por unidade do PIB (Produto Interno Bruto).

Esse tipo de meta, voltada à descarbonização da economia, permite que as emissões absolutas ainda cresçam, ao mesmo tempo em que evita que o objetivo climático limite o crescimento econômico. O método controla a densidade de emissões no PIB (produto interno bruto), e não o volume total de gases lançado na atmosfera.

Um exemplo de como a China costuma aplicar esse recurso aparece também em suas metas climáticas domésticas, publicadas a cada cinco anos junto ao plano geral de desenvolvimento.

Um dos objetivos internos do atual plano é reduzir as emissões de dióxido de carbono por unidade do PIB em 18% entre 2021 e 2025 em relação a 2020. Uma análise do Green Finance and Development Center mostra que, mesmo que o país alcance esse resultado até o fim deste ano, as emissões totais de CO2 ainda terão aumentado cerca de 10%.

Agora, com a nova NDC, o principal emissor de dióxido de carbono do mundo se compromete a diminuir as emissões absolutas em comparação ao pico, estimado pelo governo chinês para ocorrer antes de 2030.

Estudos confirmam que o pico deve de fato acontecer antes de 2030, mas não há consenso sobre o ano exato.

Um trabalho publicado na revista Nature Communications, assinado por pesquisadores de universidades e centros chineses de pesquisa climática, projeta o ápice das emissões de CO2 entre 2028 e 2029.

Outro estudo, na revista Environmental Science and Technology, aponta um cenário em que o pico de CO2 teria sido atingido em 2024, permanecendo em platô por alguns anos.

Segundo o professor Michael Davidson, da Escola de Política e Estratégia Global da Universidade da Califórnia em San Diego, os valores absolutos só poderão ser calculados depois que o pico for alcançado.

“É provável que as emissões da China tenham atingido um pico e oscilem em torno de um patamar antes de diminuírem”, diz. “Como a meta é atingir o nível máximo, esse valor não será convertido em um número absoluto até que o pico seja alcançado. É notável por ser a primeira vez que a China se compromete a reduzir as emissões em termos absolutos.”

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