Com fé no povo e paixão pelo futebol, papa Francisco conquistou as massas
Um dos símbolos mais visíveis dessa aproximação foi sua maneira direta de se comunicar

Ao longo de quase doze anos de pontificado, o papa Francisco construiu uma relação singular com as massas católicas e até mesmo com não religiosos ao redor do mundo. Primeiro latino-americano a ocupar o cargo mais alto da Igreja, Jorge Mario Bergoglio assumiu o papado em 2013 com uma proposta clara de romper com formalismos e se aproximar do cotidiano das pessoas comuns.
Um dos símbolos mais visíveis dessa aproximação foi sua maneira direta de se comunicar. Ao contrário de discursos excessivamente doutrinários, papa Francisco optava por mensagens acessíveis, com linguagem simples, que tocavam temas concretos do dia a dia, como o desemprego, a fome, o sofrimento das periferias, a imigração forçada e a dignidade dos excluídos. Em sua última aparição, pediu paz aos conflitos na Ucrânia e cessar-fogo em Gaza.
Ao abordar a fé de forma encarnada na realidade, o pontífice rompeu barreiras culturais e conquistou a admiração mesmo fora dos círculos católicos. Mas foi também nos gestos cotidianos e nos símbolos populares que ele reforçou sua imagem de papa “do povo”. Rejeitou as vestes mais luxuosas, preferiu viver na residência Santa Marta a ocupar os aposentos papais tradicionais e frequentemente dispensava protocolos para cumprimentar fiéis nas ruas, praças e hospitais.
Entre esses elementos de identidade, o futebol teve um papel curioso e poderoso. Francisco nunca escondeu sua paixão pelo San Lorenzo, clube argentino de Buenos Aires fundado por padres salesianos. Em diversas entrevistas, mencionava o time com carinho, demonstrando que a figura do papa também podia ser atravessada por afetos simples e populares.
Em 2014, chegou a receber dirigentes e jogadores do San Lorenzo no Vaticano, após a conquista do título da Copa Libertadores. Na ocasião, segurou a camisa do clube com um sorriso largo, imagem que correu o mundo. Oito anos depois, ficou feliz em assistir o quarto título da Copa do Mundo conquistado pela Argentina.
Esse vínculo com o futebol aproximou Francisco de milhões de torcedores que o viam, não como uma figura distante, mas como alguém que compartilha paixões universais. A bola, para ele, era também um instrumento de diálogo. Em encontros com atletas e dirigentes, reforçava o valor educativo e comunitário do esporte. Chegou a declarar que o futebol é o “esporte mais bonito do mundo”.