Conversa com cardeal brasileiro inspirou escolha do nome ‘Francisco’ pelo papa
Conversa com o cardeal brasileiro Cláudio Hummes logo após o conclave inspirou o papa a escolher nome em homenagem a São Francisco de Assis
O papa Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, na Casa Santa Marta, no Vaticano. Desde o início de seu pontificado, em março de 2013, a escolha pelo nome “Francisco” foi uma indicação do compromisso que pretendia manter com os mais vulneráveis. O nome partiu de uma sugestão do cardeal brasileiro Cláudio Hummes (1934-2022), em um momento decisivo durante o conclave.
Na noite de 13 de março daquele ano, quando Jorge Mario Bergoglio foi eleito, Hummes — então arcebispo emérito de São Paulo e figura respeitada por sua luta pela justiça social — aproximou-se dele, abraçou-o e disse: “Não se esqueça dos pobres”. Esse conselho despertou em Bergoglio a imagem de São Francisco de Assis, o santo que simboliza pobreza, humildade e cuidado com os mais necessitados. Foi dessa sugestão, feita de maneira discreta pelo cardeal brasileiro, que nasceu o nome do novo líder da Igreja Católica.
Três dias após sua eleição, em encontro com jornalistas no Vaticano, o papa confirmou que a escolha do nome Francisco foi inspirada diretamente pela conversa com o então arcebispo brasileiro. “Francisco é o homem da pobreza, da paz, aquele que ama e protege a criação”, explicou o pontífice.
Quem foi o cardeal Cláudio Hummes
O cardeal Cláudio Hummes foi uma das figuras mais influentes da Igreja Católica no Brasil e teve papel importante também no cenário internacional. Nascido em 8 de agosto de 1934, em Montenegro, no Rio Grande do Sul, ele ingressou na Ordem dos Frades Menores (franciscanos) e foi ordenado sacerdote em 1958. Ao longo de sua trajetória, destacou-se pela atuação voltada à justiça social, aos direitos dos trabalhadores e ao diálogo inter-religioso.
Hummes foi bispo de Santo André (SP), onde apoiou movimentos sindicais durante a ditadura militar, sendo próximo de lideranças como Luiz Inácio Lula da Silva. Em 1996, foi nomeado arcebispo de Fortaleza, e em 1998, transferido para a arquidiocese de São Paulo, uma das mais importantes da América Latina.
Em 2001, foi criado cardeal pelo papa João Paulo II. Já no Vaticano, ocupou cargos de destaque, como prefeito da Congregação para o Clero, entre 2006 e 2010. Foi conhecido por defender uma Igreja mais próxima dos pobres, mais aberta ao diálogo e menos institucional. Cardeal Hummes faleceu em 4 de julho de 2022, aos 87 anos, em São Paulo.