Eleições no Chile levam mais de 15 milhões às urnas em disputa marcada pelo avanço da direita
A tentativa da direita de se desvincular da memória da ditadura de Augusto Pinochet, explica o fortalecimento desse campo político
Mais de 15 milhões de chilenos vão às urnas neste domingo, 16, para escolher o próximo presidente e renovar o Congresso Nacional. A votação ocorre das 8h às 18h, no horário local, e os primeiros resultados parciais devem ser divulgados depois das 20h, segundo as autoridades eleitorais. O pleito acontece em meio ao aumento da preocupação com a crise migratória e a insegurança urbana no Chile, temas que impulsionaram candidaturas da direita.
A disputa por uma vaga no segundo turno concentra três nomes da oposição: José Antonio Kast, do Partido Republicano, Johannes Kaiser, do Partido Nacional Libertário, e Evelyn Matthei, da União Democrática Independente. A governista Jeannette Jara, do Partido Comunista, é a principal adversária do grupo. Analistas apontam que a má avaliação do governo Gabriel Boric e a tentativa da direita de se desvincular da memória da ditadura de Augusto Pinochet, sobretudo após os governos de Sebastián Piñera, explicam o fortalecimento desse campo político.
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O Painel Cidadão, última pesquisa antes da votação, indica que Jara lidera com 26 por cento das intenções de voto. Kast aparece em segundo lugar com 21 por cento. Kaiser e Matthei dividem a terceira posição, ambos com 14 por cento. Os números revelam um cenário aberto para a definição do segundo nome que avançará para a próxima etapa da eleição.
As simulações de segundo turno no Chile mostram desvantagem para a candidata governista contra os candidatos de direita em todos os cenários testados. Jara perderia para Kast por 46 por cento a 32 por cento e para Matthei por 45 por cento a 30 por cento. Uma disputa contra Kaiser apresentaria a menor distância, mas ainda desfavorável, com 41 por cento para a candidata do governo e 46 por cento para o libertário.
Com a popularidade do atual governo em queda e a pauta da segurança em destaque, a eleição deste domingo é vista por analistas como um divisor de águas para o equilíbrio político chileno. O resultado deve indicar a força real da direita e o grau de desgaste da administração Boric diante do eleitorado.