CORONAVÍRUS

Entre perguntas sem resposta, veja o que se sabe sobre a saúde de Trump

Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que está com Covid-19, surgiram…

Foto divulgada pela Casa Branca supostamente mostra o presidente Donald Trump durante reunião com o vice-presidente, Mike Pence, com o chefe das Forças Armadas, Mark Milley, e com o secretário de Estado, Mike Pompeo
Foto divulgada pela Casa Branca supostamente mostra o presidente Donald Trump durante reunião com o vice-presidente, Mike Pence, com o chefe das Forças Armadas, Mark Milley, e com o secretário de Estado, Mike Pompeo

Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que está com Covid-19, surgiram uma série de dúvidas sobre seu estado de saúde e os detalhes de seu diagnóstico. As declarações contraditórias de sua equipe médica e a falta de transparência da Casa Branca, somadas às tentativas do presidente de mostrar ao público que está bem, só aumentam as incertezas sobre o real quadro de Trump. Abaixo, entenda o que se sabe sobre a saúde do presidente dos EUA:

Quando foi anunciado que Trump está com Covid-19?

O presidente dos EUA anunciou que o seu teste  e o da primeira-dama, Melania, haviam dado positivo para a doença por meio de um tuíte postado pouco antes de 1h de sexta (2h, horário de Brasília). As confusões sobre o real estado de saúde do presidente começaram já de imediato. Apesar de a Casa Branca passar boa parte da manhã afirmando que Trump apresentava apenas “sintomas leves”, ele foi transferido para o hospital militar Walter Reed, perto de Washington, no fim da tarde.

Qual é a gravidade do quadro?

O médico da Casa Branca, Sean Conley, admitiu que Trump chegou a receber oxigênio na sexta-feira, após apresentar febre alta e seu nível de oxigenação cair a 93% (a taxa normal é de 96% para cima). Frente a isso, sua internação foi recomendada. Conley disse também que o presidente teve outra queda na saturação de oxigênio no sábado, mas que “altos e baixos” são “normais para pacientes que estão sendo acompanhados de perto”. Mas não confirmou se teria recebido oxigênio por uma segunda vez. “Se recebeu, foi pouco”, disse. Conley afirmou ainda que Trump poderá ter alta nesta segunda.

Quando ele começou a ter sintomas?

Não está claro. Relatos colhidos pelo NYT indicam que ele já demonstrava cansaço na quarta-feira e, mesmo assim, decidiu seguir em frente com suas viagens de campanha. Na quinta-feira, também esteve cansado, com a voz rouca e supostamente febril. Segundo o moderador do debate presidencial do dia 29, Chris Wallace, o presidente não foi testado antes do evento.

Mas quando ele testou negativo pela última vez?

Conley e a Casa Branca se recusam a dizer. Duas fontes do governo ouvidas pelo New York Times, no entanto, afirmam que um teste rápido ao qual o presidente foi submetido na noite de quinta, após retornar de um evento de campanha em Nova Jersey, deu positivo. Segundo o Wall Street Journal, Trump omitiu esta informação na entrevista que deu à Fox News enquanto esperava o retorno do seu teste PCR, cujo resultado é menos suscetível a erro. Só depois da entrevista tuitou que havia contraído a doença.

Por que se questiona a credibilidade das informações dadas pela equipe médica?

Porque declarações confusas dos médicos e de representantes do governo dificultam que se saiba exatamente qual é o quadro do presidente. Em um briefing no sábado, Conley tentou projetar uma imagem positiva, mas o secretário de Gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, disse que o caso era “preocupante” e que Trump não estava fora de perigo, condizendo com o que fontes anônimas diziam à imprensa. No domingo, perguntado sobre porque tentou minimizar a gravidade do quadro, Conley afirmou que apenas tentava refletir a “atitude positiva” do governo, algo que acentuou dúvidas sobre a sua credibilidade.

Quem comanda o tratamento, Trump ou os médicos?

O breve passeio de carro, no domingo, aumentou as dúvidas sobre a autonomia da equipe médica na tomada de decisões. De acordo com o NYT, a saída inesperada foi um meio-termo encontrado pelos médicos para satisfazer o presidente, que está ansioso para receber alta e retomar a campanha eleitoral. Visto como uma tentativa de mostrar que passa bem, o ato político foi mal interpretado por especialistas, que o viram como uma exposição desnecessária de um paciente doente e, principalmente, dos agentes do serviço secreto que o acompanhavam no carro fechado.

Qual o grau de exposição dos agentes de segurança no passeio?

Um porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, disse que todas as precauções foram tomadas e que a breve saída foi autorizada pelos médicos. O carro do presidente, um Chevrolet Suburban, é não só blindado, mas hermeticamente selado contra ataques químicos. Logo, a circulação do ar é limitada, o que aumenta as chances de contágio, apesar de todos os passageiros, incluindo Trump, vestirem máscaras.

Quais tratamentos Trump está recebendo?

O presidente faz uso de uma série de medicamentos, incluindo drogas experimentais. Ele toma remdesivir, antiviral que teve efeitos promissores no tratamento da Covid-19, além de um coquetel de anticorpos, o regeneron, ainda em fase de testes para a doença. Além disso, toma famotidina, remédio estomacal que age no combate de úlceras; melatonina, hormônio que ajuda o paciente a dormir; aspirina e vitamina D. No domingo, a equipe médica anunciou que, em resposta às quedas na taxa de oxigenação do sangue, deu início à aplicação do corticóide dexametasona, com função anti-inflamatória. Em casos de Covid-19, é habitualmente usada para reduzir a inflamação do pulmão em pacientes graves.

A Casa Branca está sendo lenta para rastrear contatos?

O governo insiste que está seguindo os procedimentos de rastreio estabelecidos pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), mas isto não parece ser verdade. Funcionários de quatro estados que o presidente visitou nos últimos dias — Minnesota, Pensilvânia, Nova Jersey e Virgínia — afirmaram ou sugeriram que não foram contactados pela campanha de Trump. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), por sua vez, disse que não recebeu nenhum pedido de ajuda da Casa Branca para rastrear os contatos. Apenas no domingo foi emitido um comunicado interno orientando os funcionários da sede do governo americano a permanecerem em casa caso apresentassem sintomas.