Fontes consideram altamente provável que Trump ordene ataque à Venezuela
Principal objetivo do Trump não é uma mudança de regime, e sim uma operação de grande impacto global contra o narcotráfico
(O Globo) A possibilidade de um ataque militar dos Estados Unidos à Venezuela é considerada altamente provável por fontes diplomáticas americanas. Em meio à tensão crescente no Caribe, essas fontes citam dois argumentos para explicar por que acreditam que o presidente americano, Donald Trump, ordenará um ataque: ninguém movimenta o porta-aviões USS Gerald R. Ford (o maior e mais moderno porta-aviões da Marinha dos EUA, com 337 metros de comprimento e 78 metros de largura), sem uma razão militar importante; por outro lado, seria muito difícil para Trump justificar uma movimentação que custa vários milhões de dólares se ela não obtiver algum resultado.
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Quando pode acontecer um eventual ataque americano ao território venezuelano? Difícil saber, mas as mesmas fontes olham para o porta-aviões americano para tentar fazer alguma previsão. Ele está em deslocamento rumo ao Caribe e, segundo dados de rastreamento naval e informações do Departamento de Defesa dos EUA, o grupo de ataque do Ford já passou pelo Estreito de Gibraltar e deve chegar ao Caribe nos próximos dias. Alguns sites especializados em Defesa especularam com um atraso na operação do porta-aviões, mas não há informações oficiais sobre isso.
A presença militar americana no Caribe é inédita, frisou uma das fontes consultadas, que fez uma análise política do cenário que pode estar por vir:
— Diferentemente do secretário de Estado, Marco Rubio, o presidente americano não prioriza uma mudança de regime. O que Trump quer é um ataque certeiro, que dê uma imagem vitoriosa ao mundo em matéria de combate ao narcotráfico, porque essa foi a promessa que ele fez aos americanos. Se haverá ou não mudança de regime não é sua principal preocupação — disse a fonte.
Seguindo esta linha de raciocínio, o que poderia acontecer é que um eventual ataque americano leve militares chavistas e seus aliados cubanos, russos e iranianos, entre outros, a promoverem o afastamento de Maduro e uma mudança interna, sem que, necessariamente, mude o regime. Uma fonte foi bem clara nesse sentido:
— Se Trump atacar e o regime não cair, a oposição será aniquilada. Haverá um clima de caos, violência, fortalecimento de guerrilhas como o Exército de Liberação Nacional (ELN), e enfraquecimento da oposição, que passará a ser mais perseguida.
Nesse cenário, a Colômbia de Gustavo Petro também sofrerá consequências negativas.
O governo Trump sustenta a narrativa de que as drogas que chegam ao mercado americano, principalmente o fentanil, são produzidas e distribuídas a partir de países como México (que hoje não está no radar de Trump, mas poderá estar no futuro), Venezuela e Colômbia. Qualquer ação de Trump buscará, frisou uma das fontes, “mostrar aos americanos que o presidente está lutando contra as bases de onde sai a droga que mata cidadãos americanos, como ele costuma dizer”.
Quando esses diplomatas imaginam o ataque dos EUA ao território venezuelano a imagem que vem à suas cabeças é a do ataque americano ao Irã em junho deste ano, quando foram atingidas, segundo a Casa Branca, as três principais instalações nucleares do país: Fordow, Natanz e Isfahan.
— Trump quer entrar e sair, não quer ficar na Venezuela numa guerra que pode terminar sendo um desastre — frisou uma das fontes consultadas.
O que poderia atacar o presidente americano? Especula-se com laboratórios de drogas, aviões que transportam drogas ou alguma instalação vinculada ao narcotráfico.
Nesse contexto, a reunião de chefes de Estado e representantes da Cúpula de Estados Latino-americanos e Caribenhos e da União Europeia (UE) é vista em Washington quase como irrelevante. Existe a percepção de que o Brasil perdeu liderança na região e que o presidente Lula não conseguiu reverter essa situação. Também, de que os governos de esquerda latino-americanos pouco fizeram, além de declarações públicas, para mudar a situação política na Venezuela. Essa crítica é lançada principalmente ao Brasil. Agora é tarde, ouve-se de fontes que estão em Washington.