Homens criam comunidade exclusiva para brancos heterossexuais nos EUA
Integrantes precisam confirmar pessoalmente que os candidatos são brancos antes de serem acolhidos
Nas montanhas Ozark, no estado do Arkansas, um grupo de agricultores está chamando atenção internacional após anunciar a criação de uma comunidade exclusiva para brancos heterossexuais nos EUA. O projeto, batizado de Return to the Land (Retorno à Terra), pretende reunir apenas pessoas que atendam a critérios raciais e de orientação sexual definidos pelos próprios fundadores.
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Para entrar no local, os candidatos passam por um processo rigoroso: entrevistas presenciais, verificação de antecedentes criminais, questionários sobre herança ancestral e até mesmo a análise de fotos de familiares. Segundo Eric Orwoll, um dos líderes da iniciativa, “ver alguém que não se apresenta como branco pode nos levar a não admitir essa pessoa”.
Os idealizadores do projeto afirmam que desejam resgatar “valores tradicionais” e acreditam que a comunidade pode servir como um modelo de vida alternativo em meio ao que chamam de “mudança demográfica dos EUA”. Contudo, especialistas em direitos civis consideram o caso um exemplo explícito de segregação. Para ReNika Moore, diretora do programa de justiça racial da União Americana pelas Liberdades Civis, “as leis federais e estaduais proíbem a discriminação habitacional com base na raça, ponto final”.
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O procurador-geral do Arkansas, Tim Griffin, já abriu uma investigação para apurar possíveis violações legais. Juristas afirmam que a comunidade exclusiva para brancos heterossexuais nos EUA pode ferir diretamente a Lei de Moradia Justa de 1968 e a Lei de Direitos Civis de 1866, o que poderia levar os responsáveis a responder na Justiça.
Apesar das críticas, os fundadores dizem estar aproveitando um “momento político favorável”, alegando que a iniciativa se enquadra como uma associação privada e, portanto, teria respaldo legal. Até agora, o complexo já abriga cerca de 40 moradores fixos e centenas de simpatizantes que se associaram online pagando uma taxa de US$ 25.
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A Return to the Land ocupa uma área de aproximadamente 160 acres na pequena cidade de Ravenden, onde a vida comunitária parece isolada do restante da região. Crianças brincam em balanços enferrujados e famílias vivem lado a lado em um ambiente que, segundo os fundadores, oferece “segurança e identidade”. No entanto, críticos afirmam que se trata de uma tentativa perigosa de normalizar práticas de exclusão racial e social em pleno século 21.
O futuro da comunidade exclusiva para brancos heterossexuais nos EUA agora depende do andamento das investigações e da interpretação da Justiça. Para especialistas, há grandes chances de o projeto enfrentar ações legais duras, já que casos semelhantes no passado acabaram considerados inconstitucionais.
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