JULGAMENTO

Jovens escrevem carta com sangue e condenam pai à prisão perpétua na Índia

Seis anos após uma adolescente da Índia escrever uma carta com seu próprio sangue pedindo…

Justiça expede mandato de soltura de suspeito inocentado no caso Amélia
Justiça expede mandato de soltura de suspeito inocentado no caso Amélia (Foto: Pixabay)

Seis anos após uma adolescente da Índia escrever uma carta com seu próprio sangue pedindo justiça para sua mãe que foi queimada viva, o assassino foi punido. Com base nos relatos de Latika Bansal, agora com 21 anos, e sua irmã mais nova, um tribunal enviou o pai delas, Manoj Bansal, para a prisão perpétua.

Na decisão tomada no fim de julho, o tribunal da cidade de Bulandshahr, no estado de Uttar Pradesh, no norte do país indiano, concordou que Bansal era culpado de matar sua esposa por “não dar à luz um filho [homem]”.

Segundo reportagem da BBC, a preferência da Índia por meninos está enraizada em uma crença cultural amplamente difundida de que um filho do sexo masculino levaria adiante o legado da família e cuidaria dos pais na velhice, enquanto as filhas lhes custariam dotes e os deixariam ao ir para os lares de seus maridos.

Julgamento

Durante o julgamento, as irmãs Bansal contaram no tribunal como cresceram vendo seu pai e a família dele insultarem e agredirem sua mãe, Anu Bansal, por dar à luz apenas filhas [mulheres].

O tribunal também ouviu que Anu foi forçada a se submeter a seis abortos depois que testes ilegais de identificação de sexo mostraram que ela estava grávida de menina.

A irmã disse que na manhã de 14 de junho de 2016, quando seu pai — supostamente apoiado por familiares que negam as acusações contra eles — jogou querosene e colocou fogo na esposa. Anu Bansal teve 80% de seu corpo queimado e morreu alguns dias depois no hospital.

O caso veio à tona somente depois que as meninas — na época com 15 e 11 anos — escreveram uma carta com seu próprio sangue ao então ministro Akhilesh Yadav, acusando a polícia local de mudar a classificação do caso de assassinato para suicídio.

O investigador da polícia local foi então suspenso por não fazer uma investigação adequada e Yadav ordenou que a polícia e funcionários da administração supervisionassem o caso.