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Mulher revela como escapou de culto apocalíptico: ‘Criada para ser obediente aos homens’

Homens da fundamentalista Igreja dos Primogênitos da Plenitude dos Tempos podiam ter quantas esposas desejassem

Mulher revela como escapou de culto apocalíptico fundamentalista Igreja dos Primogênitos da Plenitude dos Tempos
Foto: Reprodução

A americana Pamela Jones revelou em detalhes como escapou de um culto apocalíptico que seguia práticas polígamas e extremamente abusivas contra mulheres. Ela afirma ter sido “criada para ser obediente aos homens” dentro da chamada Igreja dos Primogênitos da Plenitude dos Tempos, seita de origem mórmon que pregava o chamado “casamento plural”.

Pamela cresceu nesse ambiente, marcado pela miséria e pelo autoritarismo masculino. Seu pai, Thomas Ossman Jones, teve 11 esposas e 57 filhos biológicos. Aos 15 anos, ela foi forçada a se casar com um parente do fundador do culto. Sete dias após o casamento, o marido anunciou que estava pronto para buscar outra esposa.

A rotina da jovem era de privação e medo. Sem acesso a água encanada ou eletricidade, ela chegou a viver em um curral infestado de baratas. Pamela conta que foi doutrinada a acreditar que, se tentasse fugir, Deus a puniria tirando a vida dela e de seus filhos.

O culto pregava a submissão total das mulheres. Pamela lembra de ter sido classificada como “cidadã de segunda classe” e de ter perdido uma meia-irmã, Nancy, que abandonou a seita e foi chamada de “gentia” pelo marido da sobrevivente, como se não tivesse lugar no reino de Deus.

A ideia de fuga começou quando o marido se preparava para se casar com uma terceira esposa. “Estava apavorada. Mas decidi que precisava romper com essa seita violenta, misógina e apocalíptica que negava voz às mulheres e nos ensinava que nosso único valor era servir a um homem e dar à luz continuamente”, relatou Pamela em trecho publicado pelo New York Post.

A libertação só aconteceu em 2000, quando ela montou um plano ousado. Pamela reuniu documentos que comprovavam a cidadania americana dos filhos, pegou dinheiro e cartões de crédito do marido e fugiu do México em direção à fronteira dos Estados Unidos. O plano deu certo: ela conseguiu atravessar com nove filhos e recomeçar a vida em Minneapolis, onde abriu um serviço de limpeza e se casou novamente.

Hoje, Pamela celebra a transformação. “A menininha mansa e assustada, que foi criada para ser obediente aos homens, aprendeu não apenas a usar a voz, mas também a rugir quando necessário”, declarou.