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Pela 1ª vez, cientistas obtêm genoma de um habitante do Egito antigo; veja foto

Homem morreu há mais de 4.500 anos e tinha ancestralidade africana e asiática

Pela 1ª vez, cientistas obtêm genoma de um habitante do Egito antigo; foto Homem morreu há 4.500 anos e tinha ancestralidade africana
(Foto: FreePik)

Pela 1ª vez, cientistas conseguiram o genoma de um habitante do Egito antigo, revelando detalhes sobre a aparência e a ancestralidade de um homem que viveu há mais de 4.500 anos. A pesquisa inédita, publicada na revista Nature nesta quarta-feira (2), analisou o DNA de um indivíduo do Antigo Império Egípcio e trouxe à tona informações que mudam o que se sabia sobre a origem genética dos povos daquela época. Veja abaixo foto do homem, encontrado em Nuwayrat, no Médio Egito.

Segundo os pesquisadores, o genoma revela que o homem tinha pele escura, cabelos e olhos castanhos. Sua ancestralidade era majoritariamente ligada a povos do norte da África, especialmente do Neolítico marroquino, mas também apresentava traços genéticos da Mesopotâmia, região do atual Iraque. Esses dados indicam que o Egito já era um ponto de conexão entre diferentes culturas e populações, mesmo milhares de anos atrás.

A descoberta é considerada um marco porque, até então, só se havia conseguido recuperar fragmentos pequenos de DNA em múmias egípcias. As condições climáticas e os processos de mumificação dificultavam a preservação do material genético. Dessa vez, no entanto, os cientistas conseguiram extrair a sequência completa do genoma, algo inédito para um egípcio antigo.

O corpo analisado pertencia a um homem com idade estimada entre 44 e 64 anos, com até 1,60 m de altura. Ele foi sepultado dentro de uma grande urna de cerâmica em uma tumba escavada na rocha, o que sugere que era uma pessoa de certo prestígio. No entanto, sinais nos ossos indicam que ele era artesão, provavelmente um oleiro, já que apresentava lesões típicas do uso do pé para movimentar a roda de cerâmica.

Além de ser a primeira vez que cientistas obtêm o genoma de um habitante do Egito antigo, o estudo também fornece pistas sobre os movimentos migratórios da época. A presença de DNA mesopotâmico sugere que havia contato direto com povos asiáticos, o que reforça a ideia de que as bases da civilização egípcia — como a agricultura e até mesmo a escrita — podem ter sido influenciadas por culturas vizinhas.

“É a primeira evidência genética em favor de potenciais movimentos de populações chegando ao Egito nessa época”, afirmou Pontus Skoglund, do Instituto Francis Crick, um dos coordenadores do estudo. Para ele, a descoberta abre caminho para novas investigações sobre as origens do povo egípcio e como suas relações com outras civilizações moldaram uma das culturas mais icônicas da história.

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