Rússia retoma grandes ataques na Ucrânia após cessar-fogo marcado por suspeitas
Moscou diz ter matado 600 soldados em revide por ação em Makviika; Kiev acusa Putin de desrespeitar trégua unilateral

Após relatos de que teria desobedecido à própria promessa de cessar-fogo, Rússia encerrou oficialmente sua trégua unilateral e voltou a bombardear massivamente a Ucrânia neste domingo (8). O Ministério da Defesa russo afirmou ter matado mais de 600 soldados ucranianos ao atacar uma residência temporária das tropas em Kramatorsk, no leste.
Segundo Moscou, a ofensiva é uma vingança contra um ataque de Kiev na véspera do Ano-Novo que matou 89 reservistas russos em Makiivka, cidade contígua a Donetsk —capital da província homônima sob controle de separatistas russos desde 2014. A contagem não pôde ser verificada de forma independente pelas agências de notícias, e a Ucrânia por enquanto não se pronunciou sobre o caso.
De acordo com o Exército ucraniano, ao menos duas pessoas morreram em ataques na madrugada em Kharkiv, localizada a 450 km da capital Kiev, e na província do Donetsk, no leste — onde foram registrados nove impactos de mísseis nas últimas horas.
Ainda foram ouvidas explosões nas ruas praticamente desertas de Bakhmut, cidade também no leste que hoje é um dos focos mais intensos de batalha, e na cidade de Zaporíjia, capital da região homônima, no sul.
Enquanto isso, Kiev, que havia rejeitado a trégua como um mero diversionismo militar, bombardeou duas termoelétricas controladas por Moscou nas cidades de Zuhres e Novyi Svit, também no Donetsk. Segundo informações da agência de notícias oficial russa Tass, a investida em Novyi Svit resultou na morte de uma mulher, cujo corpo foi retirado dos destroços.
Governador do Lugansk, Serhiy Haidai, afirmou na TV que a região é palco de batalhas intensas, e que as forças russas tinham usado suas unidades mais prontas ao combate e equipamentos pesados na cidade de Kriminna, que eles ocupam, o que segundo ele significa que os russos estão aos poucos recuando na região. Com as temperaturas noturnas caindo a até -17°C, ele acrescentou que o combate logo iria aumentar, uma vez que o gelo significava que era mais fácil mover equipamentos pesados.
Iniciada às 11h da sexta-feira (6) no horário local de Kiev, e finalizada às 23h deste sábado (7), o cessar-fogo anunciado pela Rússia visava celebrar o Natal da Igreja Ortodoxa, comemorado de acordo com o antigo calendário juliano no sábado (7). A proposta veio de um dos mais influentes aliados de Putin, o patriarca da igreja na Rússia, Cirilo.
Kiev segue uma denominação ortodoxa própria, nascida de um cisma temperado pela disputa entre os países em 2019. Este ano, ela permitiu que o Natal fosse comemorado no dia 25 de dezembro. Mesmo assim, parte da população respeitou a tradição original, comparecendo a igrejas e catedrais em massa.