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Trabalhar no fim de semana virou o ‘novo normal’: média supera 6 horas aos sábados e domingos

Software americano de gerenciamento de produtividade acompanhou 134 mil funcionários de escritórios e constatou alta de 5% no volume de trabalho aos finais de semana

Mulher trabalhando de casa pelo computador (Foto: reprodução/Freepik)
Mulher trabalhando de casa pelo computador (Foto: reprodução/Freepik)

Enquanto visionários discutem jornadas semanais de quatro dias úteis, na vida real da maioria dos profissionais o fim de semana de folga tem sido uma exceção no pós-pandemia. Em muitos casos, a era do regime híbrido, com longas reuniões por Zoom e rotinas via Slack, leva profissionais a usarem os sábados e domingos para tarefas que exijam mais concentração.

Ao mesmo tempo, levas de demissões em setores como o de tecnologia deixam os trabalhadores remanescentes sobrecarregados com as funções dos antigos colegas.

No ano passado, a média de horas trabalhadas no sábado e no domingo aumentou 5%, para 6,6 horas, de acordo com a empresa ActivTrak, que analisou quase 175 milhões de horas de trabalho de 134.260 usuários anônimos de seu software de gerenciamento de produtividade em todo o mundo.

Mais que dez horas de trabalho por dia

O relatório da ActivTrak também descobriu que o dia de trabalho médio em 2022 durou dez horas e nove minutos. A jornada padrão é de oito horas diárias.

Enquanto apenas 5% de todos os trabalhadores rastreados trabalhavam no fim de semana, certos setores, como tecnologia e mídia, tiveram um aumento de 25% ou mais nas horas trabalhadas aos sábados e domingo em comparação com o ano anterior.

São duas as razões para este aumento: cortes de empregos que sobrecarregaram quem não foi demitido e a necessidade de escapar das constantes interrupções de chamadas do Zoom e bate-papos do Slack.

– Além disso, à medida que as pessoas se sentem mais à vontade com a flexibilidade, é aceitável fazer logoff às 15h na sexta-feira e lidar com o trabalho no fim de semana – disse Gabriela Mauch, vice-presidente do laboratório de produtividade da ActivTrak.

Os turnos de fim de semana são o exemplo mais recente do colapso do antigo mundo do trabalho pela pandemia de Covid, já que as demandas por maior flexibilidade entre os funcionários se chocam com o desejo de alguns empregadores de ver os funcionários pessoalmente no escritório com mais frequência.

Trabalho remoto x presencial

Embora o trabalho remoto tenha liberado os funcionários administrativos em muitos aspectos, permitindo que muitos façam seu trabalho onde e quando quiserem, também os conectou a ferramentas de colaboração e comunicação que podem desviar sua atenção com notificações constantes.

Além disso, os crescentes cortes de empregos nos últimos tempos em tecnologia, mídia e outros setores também complicaram o cenário, criando mais estresse nos funcionários que já estão enfrentando taxas recordes de esgotamento.

Mídia e tecnologia: ‘guerreiros’ do fim de semana

Os ”guerreiros” de fim de semana mais comuns são funcionários de tecnologia em hardware e serviços de computador, de acordo com dados da ActivTrak, junto com trabalhadores de mídia e de bens de consumo. Todos esses grupos aumentaram suas horas de fim de semana no ano passado em comparação com 2021, a maioria em porcentagens de dois dígitos.