Trump admite possibilidade de entrar em guerra com a Venezuela
Para analistas, movimento de Trump sinaliza uma escalada calculada, que amplia a pressão militar americana sobre Caracas
(O Globo) O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a dizer na quinta-feira que não descarta a possibilidade de um conflito armado com a Venezuela. A declaração foi dada em entrevista por telefone à NBC News, que a publicou nesta sexta-feira, em meio à escalada da pressão de Washington sobre o governo de Nicolás Maduro, que, agora, inclui um bloqueio total a petroleiros que saem ou se dirigem à Venezuela. Em paralelo à entrevista, oito aviões militares americanos sobrevoaram o mar do Caribe em áreas próximas à costa venezuelana.
— Não descarto essa possibilidade, não — disse Trump ao ser questionado sobre um eventual confronto militar.
A declaração aconteceu no mesmo dia que oito aviões militares americanos realizaram sobrevoos sobre o mar do Caribe em áreas próximas à costa da Venezuela, incluindo regiões adjacentes à capital, Caracas. Entre as aeronaves identificadas estão dois EA-18G Growler, três caças — sendo dois deles não identificados —, dois aviões de alerta aéreo antecipado e um Boeing E-3C Sentry. Todas decolaram de bases americanas na região, com exceção do E-3C, que partiu diretamente dos Estados Unidos.
Especialistas em Defesa avaliam que esse tipo de operação aérea, envolvendo aeronaves de vigilância e comando, costuma anteceder ou acompanhar ações militares, funcionando como demonstração de força e coleta de inteligência em tempo real. O uso do E-3C Sentry, em especial, indica capacidade de monitoramento amplo do espaço aéreo e marítimo, permitindo coordenação de eventuais operações conjuntas.
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A presença dessas aeronaves reforça a leitura de que o endurecimento do discurso de Trump não é apenas retórico. O sobrevoo ocorreu dois depois do bloqueio a petroleiros venezuelanos, decretado por Trump, e o aumento das acusações de Washington de que o governo Maduro financia o narcotráfico com recursos do petróleo. Para analistas, o movimento sinaliza uma escalada calculada, que amplia a pressão militar sem anunciar formalmente uma ação armada direta.
Apreensão de petroleiros
Além disso, Trump também afirmou que haverá novas apreensões de petroleiros perto das águas venezuelanas. No último dia 10, os EUA apreenderam um navio na costa da Venezuela, que estava na lista de sanções do governo americano e fazia parte de uma frota clandestina, o que foi classificado por Caracas como um “roubo descarado”.
— Se eles forem tolos o suficiente para continuar navegando, vão acabar voltando para um dos nossos portos — afirmou o presidente americano à NBC News.
Trump — que já ameaçou ataques terrestres na Venezuela — se recusou a esclarecer se a destituição de Maduro é seu objetivo final.
— Ele sabe exatamente o que eu quero. Ele sabe melhor do que ninguém — disse.
A campanha de pressão de Trump sobre Maduro também incluiu uma presença militar reforçada na região e mais de 20 ataques militares contra embarcações no Oceano Pacífico e no Mar do Caribe, perto da Venezuela, que mataram pelo menos 90 pessoas. Washington, por sua vez, alega que as ações têm como alvo embarcações ligadas ao narcotráfico.