REPERCUSSÃO

Trump age como ‘imperador do Brasil’, diz Financial Times

Jornal britânico diz que, diferente de Washington, os faróis da democracia mundial hoje são Brasil e Canadá, atacados por Trump

Presidente Trump (Foto: Casa Branca)
Presidente Trump (Foto: Casa Branca)

O jornal britânico Financial Times fez duros comentários a respeito das imposições que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta fazer ao Brasil desde o dia 9 de julho – data em que anunciou a taxa de 50% sobre produtos importados brasileiros e exigiu a suspensão da ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe. O ‘FT’ diz que Trump tenta ser o ‘imperador do Brasil’.

O autor do artigo, jornalista Edward Luce, afirma que as decisões de Trump não se baseiam em dados e fatos, mas puramente no que “apetece” o presidente norte-americano. Sobre o apoio a Bolsonaro, Luce diz: “O paralelo entre Trump e Bolsonaro é insólito. A diferença é que Bolsonaro está sendo responsabilizado”.

“O mundo presta atenção ao que os Estados Unidos fazem, não ao que dizem. Mas se existe um farol liberal democrático hoje em dia no hemisfério de Rubio [chefe da diplomacia norte-americana], ele vem de Brasília e Ottawa. Por enquanto, Washington está descartada”, complementou.

O Financial Times sugere que os ataques dos EUA ao Brasil, ao Canadá e à Austrália têm a ver com obstáculos políticos domésticos que Trump tenta superar. “Em queda nas pesquisas? A caminho do esquecimento eleitoral? Mark Carney, do Canadá, Anthony Albanese, da Austrália, e agora Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, têm uma solução para você. Faça com que Donald Trump lance uma guerra comercial contra o seu país”, diz o texto.

Apoiadores de Trump no Brasil

Deputados federais do PL, o mesmo partido de Bolsonaro, ostentaram uma bandeira azul e branca com o nome de Trump na Câmara dos Deputados nessa terça-feira (22). A bandeira tem a frase “make America great again”.

O ato aconteceu em uma audiência da Comissão de Segurança Pública, amplamente dominada por políticos de direita. Momentos antes, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), havia proibido a realização de reuniões em comissões até o fim do recesso, no dia 1º de agosto, mas o PL promoveu o encontro mesmo assim para votar moções de louvor ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A manifestação aconteceu menos de 24 horas depois da visita que Bolsonaro fez à Câmara, e pela qual ele terá que se justificar ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob risco de ser preso. A bandeira de Trump foi erguida pelo deputado Delegado Caveira (PL-BA), mas na sequência os próximos aliados recomendaram que ele a guardasse.

Em entrevista à imprensa após o fim da audiência, o presidente da comissão de Segurança Pública, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), foi questionado sobre os motivos que levaram Caveira a guardar a bandeira. Bilynskyj respondeu que aquele “não era o momento” e que o “foco da reunião” era outro.

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