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Trump diminui importância de cessar-fogo após não conseguir acordo com Putin

Presidente dos EUA disse que encontro com o líder russo foi “bem-sucedido”

Trump diminui importância de cessar-fogo após não conseguir acordo com Putin Presidente dos EUA disse encontro com o russo foi bem-sucedido
Foto: Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (16) que o encontro que teve com o líder russo Vladimir Putin foi “ótimo” e “bem-sucedido”. Apesar disso, ele acabou não conseguindo fechar um acordo de cessar-fogo para a guerra na Ucrânia. Mesmo diante da frustração inicial, o republicano mudou o tom e declarou que o mais importante agora é buscar um acordo de paz definitivo, que coloque fim ao conflito de forma duradoura.

Antes da cúpula, realizada no Alasca, Trump havia dito que sairia desapontado caso não houvesse entendimento com Putin para encerrar as hostilidades. No entanto, após três horas de reunião, ambos reconheceram avanços, mas confirmaram que os pontos mais significativos seguem sem consenso. “Restam apenas alguns poucos pontos. Um é provavelmente o mais significativo. Ainda não chegamos lá, mas fizemos progresso. Putin quer parar de ver pessoas sendo mortas”, disse Trump.

Em publicação na sua rede Truth Social, o norte-americano declarou que líderes europeus e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, concordaram que a melhor saída é um acordo de paz, e não um simples cessar-fogo, que “muitas vezes não se sustenta”. Na noite de sexta-feira (15), após o encontro com Putin, Trump telefonou para Zelensky e para outros sete líderes europeus, incluindo Emmanuel Macron (França), Giorgia Meloni (Itália), Keir Starmer (Reino Unido) e Friedrich Merz (Alemanha). A conversa durou cerca de uma hora e também contou com a participação do secretário-geral da Otan.

Segundo Trump, há chances reais de entendimento, mas os Estados Unidos querem garantir que qualquer negociação leve em consideração a segurança da Ucrânia. Já Putin agradeceu o convite, chamou a reunião de “construtiva” e disse esperar que todas as preocupações russas sejam levadas em conta. O líder russo também destacou que vê no diálogo uma oportunidade de restaurar as relações entre os dois países e ainda sugeriu parcerias comerciais.

Apesar das declarações positivas, o encontro terminou sem acordo de cessar-fogo. Trump, no entanto, confirmou que terá uma reunião bilateral com Zelensky nesta segunda-feira (18), na Casa Branca, para tratar dos próximos passos. O ucraniano, por sua vez, disse apoiar a proposta de uma reunião trilateral entre Estados Unidos, Rússia e Ucrânia.

“Questões-chave podem ser discutidas diretamente entre os líderes, e o formato trilateral é adequado para isso. Na segunda-feira me encontrarei com Trump em Washington para discutir todos os detalhes sobre o fim da guerra. Sou grato pelo convite”, disse Zelensky.

Essa foi a primeira cúpula entre Estados Unidos e Rússia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, e o primeiro encontro a sós entre Trump e Putin desde 2018. Com clima cordial, os dois se cumprimentaram com sorrisos e posaram para fotos no Alasca antes da reunião. Putin, inclusive, protagonizou um momento descontraído ao fazer caretas diante das perguntas de jornalistas, o que rapidamente virou meme nas redes sociais.

Mesmo sem resultado imediato, especialistas avaliam que a reunião representou um movimento político importante. Para o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), Moscou segue controlando cerca de 20% do território ucraniano, e a resistência em abrir mão dessas áreas é um dos grandes entraves para qualquer negociação.

Nas últimas semanas, Trump vinha enviando sinais ambíguos: em alguns momentos demonstrava confiança em um acerto com Putin, mas também admitia que “nada está garantido” e comparava a situação a “uma partida de xadrez”. Já o líder russo afirmou que só aceitará um entendimento se houver acordo para restringir o uso de armas estratégicas, incluindo as nucleares.

Mesmo sem consenso, Trump preferiu destacar o aspecto positivo do encontro. “Foi muito produtivo. Fizemos progressos. Agora o foco é um acordo de paz que de fato encerre a guerra, e não apenas um cessar-fogo temporário”, concluiu.