AMÉRICA LATINA

Trump nega ter planos de atacar Venezuela

Declaração contradiz reportagem que afirmava que o presidente americano teria dado aprovação para um ataque

Trump nega ter planos de atacar Venezuela (Foto: Casa Branca)
Trump nega ter planos de atacar Venezuela (Foto: Casa Branca)

O presidente americano, Donald Trump, negou que esteja considerando ataques militares contra a Venezuela, em meio ao aumento da presença das Forças Armadas dos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico. A declaração contradiz uma matéria do jornal Miami Herald que afirmava que um ataque “poderia ocorrer a qualquer momento”. A mobilização militar desatou temor em Caracas, que acusa Washington de preparar uma ofensiva para derrubar o governo de Nicolás Maduro.

— Não — respondeu Trump quando questionado por repórteres nesta sexta-feira, a bordo do avião presidencial Air Force One, se já havia tomado uma decisão sobre o assunto.

Segundo reportagem do Miami Herald, a Casa Branca teria aprovado uma ofensiva contra instalações militares dentro da Venezuela, enquanto o Wall Street Journal, outro veículo americano, afirmou que o governo já havia identificado possíveis alvos, mas ainda não decidira se executaria a operação.

Questionada anteriormente sobre a reportagem, a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, disse que “fontes não identificadas não sabem do que estão falando” e que qualquer anúncio viria de Trump.

Operações e tensões no Caribe

Desde o início de setembro, os Estados Unidos vêm conduzindo uma campanha de ataques contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico no mar do Caribe e no Pacífico oriental. Segundo dados oficiais, 62 pessoas morreram e 14 barcos e um submersível foram destruídos.

Washington afirma que as ações visam combater o tráfico de drogas na região, mas organizações de direitos humanos e especialistas afirmam que, mesmo que se comprove que os mortos são narcotraficantes, o governo americano realiza execuções extrajudiciais.

Em paralelo aos ataques, o governo americano enviou oito navios de guerra para o Caribe e deslocou aviões de combate furtivos F-35 para Porto Rico. Um grupo de ataque com porta-aviões também foi destacado para a região, enquanto bombardeiros B-52 e B-1B realizaram sobrevoos de demonstração de força próximos à costa venezuelana.

Segundo Trump, a mobilização militar faz parte de um esforço para “frear o narcotráfico” e proteger os Estados Unidos. Na semana passada, o presidente chegou a afirmar que “a próxima será em terra”, sugerindo possíveis ofensivas contra cartéis de drogas para além das ações no mar. Ele acrescentou que não precisaria da autorização do Congresso para realizar tais ataques, embora a Constituição americana conceda ao Legislativo o poder exclusivo de declarar guerra.

Escalada diplomática e disputas internas

Assessores de Trump, como o secretário de Estado Marco Rubio, afirmam que Nicolás Maduro é um líder ilegítimo e que seu regime facilita o tráfico de drogas. A líder opositora venezuelana María Corina Machado, recém-premiada com o Nobel da Paz, também tem defendido que os Estados Unidos aumentem a pressão sobre Caracas para forçar a saída de Maduro.

Trump confirmou ter autorizado operações secretas da CIA na Venezuela, e o Wall Street Journal informou que os possíveis alvos incluiriam portos e aeroportos controlados por militares, apontados como supostos centros logísticos de narcotráfico.

A intensificação da presença militar americana elevou as tensões regionais. O governo venezuelano acusa Washington de “fabricar uma guerra” e de conspirar para derrubar Maduro.

Reação internacional

As operações também provocaram críticas dentro dos Estados Unidos e no exterior. No Congresso americano, democratas reclamaram de falta de transparência após o governo realizar uma reunião sobre o tema somente com parlamentares republicanos. Já a ONU acusou os EUA de violar o direito internacional, argumentando que as embarcações atacadas não representavam ameaça iminente à vida de terceiros.

— Esses ataques, e o crescente custo humano, são inaceitáveis — disse o alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, em comunicado. — Os EUA devem interromper tais operações e tomar todas as medidas necessárias para evitar a execução extrajudicial de pessoas a bordo dessas embarcações, independentemente das acusações criminais contra elas — concluiu.

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