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Ventos cósmicos: fenômeno nunca visto antes em buraco negro intriga cientistas; entenda

Fenômeno raro no coração de uma galáxia distante desafia teorias atuais

Ventos cósmicos: fenômeno nunca visto antes em buraco negro intriga cientistas Fenômeno raro numa galáxia distante desafia teorias atuais
Imagem: Reprodução/ChatGPT

Um estudo divulgado na última terça-feira (9) revelou um episódio impressionante no espaço: um buraco negro supermassivo foi flagrado emitindo ventos cósmicos em velocidades jamais registradas. O achadoque causou curiosidade na comunidade científica foi detalhado na revista Astronomy & Astrophysics e ajudou a explicar por que o evento já intriga cientistas do mundo inteiro.

O fluxo de matéria atingiu cerca de um quinto da velocidade da luz — aproximadamente 209 milhões de quilômetros por hora. O buraco negro observado tem cerca de 30 milhões de vezes a massa do Sol e fica a 135 milhões de anos-luz da Terra, no centro da galáxia espiral NGC 3783. A velocidade extremamente alta chamou atenção porque supera com folga o que já havia sido visto em outros núcleos galácticos ativos.

De acordo com informações repercutidas pela revista Live Science, os ventos alcançaram mais de 60 mil quilômetros por segundo, um patamar considerado recorde em estudos de buracos negros desse tipo.

O fenômeno foi detectado após o buraco negro emitir uma explosão intensa de raios X, fora do padrão. Mesmo quando a intensidade da explosão diminuiu, os ventos continuaram se propagando, indicando um mecanismo energético poderoso e duradouro.

“Nunca tínhamos observado um buraco negro criar ventos tão rapidamente”, afirmou Liyi Gu, astrônomo da Organização de Pesquisa Espacial da Holanda e líder do estudo.

A principal hipótese é que o evento tenha sido provocado por uma instabilidade nos campos magnéticos ao redor do buraco negro, que teriam se tensionado ao extremo e, ao se romperem, liberado energia suficiente para impulsionar o material a velocidades extraordinárias.

Os cientistas comparam o processo às ejeções de massa coronal do Sol, quando explosões magnéticas lançam plasma para o espaço. A diferença, neste caso, é a escala colossal — milhões de vezes maior — devido à massa imensa do buraco negro.

Observação com telescópios

A descoberta só foi possível graças à combinação de dois telescópios espaciais de raios X: o XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), e o XRISM, utilizado para medições extremamente precisas. O XMM-Newton registrou a explosão inicial, enquanto o instrumento Resolve, do XRISM, analisou a composição e a velocidade dos ventos em detalhes sem precedentes.

Os pesquisadores afirmam que entender a formação desses ventos é crucial para desvendar como os buracos negros influenciam a evolução das galáxias. Esse tipo de fluxo pode controlar a formação de estrelas e alterar a distribuição de gás pelo espaço ao longo de milhões de anos.

A equipe agora pretende aplicar a mesma metodologia para observar outros núcleos galácticos em erupção e verificar se fenômenos semelhantes estão acontecendo em diferentes regiões do universo.