Vídeo: premiê é vaiado em homenagem às vítimas do ataque na Austrália
Anthony Albanese é acusado pelo povo da Austrália de não ter feito o suficiente para conter antissemitismo no país
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, foi vaiado por uma multidão reunida na famosa praia de Bondi, em Sydney, neste domingo (21), para homenagear as 15 vítimas do ataque que ocorreu há exatamente uma semana. Na ocasião, dois homens, pai e filho, abriram fogo durante um evento de celebração judaica.
O governo marcou um dia de reflexão para este domingo. Com segurança reforçada e bandeiras a meio mastro nos prédios governamentais, foi realizado um minuto de silêncio às 18h47 locais, horário em que o ataque começou. As redes de televisão e rádio interromperam suas transmissões.
Dezenas de milhares de pessoas, incluindo Albanese e outros governantes, participaram do evento, que contou com forte presença policial, incluindo atiradores de elite nos telhados e barcos policiais nas águas. Albanese foi vaiado pela multidão ao chegar e novamente quando o orador mencionou seu nome durante a cerimônia. Ele sentou-se na primeira fila usando uma kipá.
O premiê está sob pressão de críticos que afirmam que seu governo de centro-esquerda não fez o suficiente para conter o aumento do antissemitismo no país desde o início da guerra em Gaza. Ele não estava escalado para discursar no evento.
Logo após o ataque, Albanese anunciou um pacote para endurecer a lei de controle de armas na Austrália, que já é uma das mais restritas do mundo. Dias depois, afirmou que o governo apresentará um pacote de leis para combater o discurso de ódio e o antissemitismo no país.
O governo vem rebatendo as críticas, afirmando que tem denunciado consistentemente o antissemitismo nos últimos dois anos. No início deste ano, expulsou o embaixador do Irã após acusar Teerã de ordenar dois ataques incendiários antissemitas.
O presidente do Conselho Judaico de Deputados de Nova Gales do Sul, David Ossip, fez o discurso de abertura. “A semana passada tirou nossa inocência”, disse.
When NSW Labor Premier Chris Minns is applauded and Prime Minister Anthony Albanese is booed by the same crowd, it exposes a leadership failure: this isn’t about politics, but a personal reckoning over inaction on antisemitism.
— Sharri Markson (@SharriMarkson) December 21, 2025
For more than two years my community begged… pic.twitter.com/5HXx75gdLZ
“Assim como a grama aqui em Bondi foi manchada de sangue, nossa nação também foi manchada. Chegamos a um lugar sombrio. Mas, amigos, Hanukkah nos ensina que a luz pode iluminar até os lugares mais sombrios.”
Entre os presentes estava o pai de Ahmed al Ahmed, que ficou conhecido como o “herói de Bondi” por ter conseguido desarmar um dos atiradores durante o ataque. As autoridades convidaram os australianos a acender uma vela em casa neste domingo, no início do oitavo e último dia do festival judaico das luzes.
Uma sobrevivente também discursou.
Reconquistando Bondi
O premiê de Nova Gales do Sul, Chris Minns, que foi aplaudido no memorial, disse que o ataque foi uma tentativa de marginalizar, dispersar, intimidar e causar medo. “Vocês reconquistaram a praia de Bondi para nós”, afirmou.
Albanese anunciou mais cedo neste domingo uma revisão das agências de inteligência do país. Ele disse que a operação, liderada por um ex-chefe da agência de espionagem australiana, analisará se a Polícia Federal e as agências de inteligência têm “os poderes, estruturas, processos e mecanismos de compartilhamento adequados para manter os australianos seguros”.
O ataque revelou falhas nos processos de avaliação para a concessão de licenças de armas e no compartilhamento de informações entre agências. O pacote de leis anunciado por Albanese deverá avançar na criação de um registro nacional de armas de fogo e restringir licenças sem prazo determinado.
As autoridades estão investigando o ataque como um ato de terrorismo contra judeus. As autoridades australianas afirmam que os atiradores foram inspirados pelo grupo terrorista Estado Islâmico.
“Nossas agências de segurança precisam estar na melhor posição para responder [às ameaças]”, disse Albanese em um comunicado, acrescentando que a revisão será concluída até o fim de abril.
O ataque na praia de Bondi foi o mais grave de uma série de incidentes antissemitas na Austrália, que incluíram ataques a sinagogas, prédios e carros, desde o início da guerra em Gaza.
Albanese condenou manifestações anti-imigração realizadas em Sydney e Melbourne neste domingo. Apenas cerca de 200 pessoas participaram do protesto em Sydney.
O ataque foi cometido por Sajid Akram, 50, e seu filho Naveed, 24. Sajid foi morto a tiros pela polícia no local, enquanto Naveed terá de responder por 59 acusações, que incluem assassinato, lesão com tentativa de assassinato e terrorismo. Ele foi baleado por policiais durante o ataque, mas sobreviveu após atendimento médico e saiu do coma no hospital em que foi internado.