COLUNA DO JOÃO BOSCO BITTENCOURT

“A PEC não enfrenta o caso específico da violência no Brasil”, diz Caiado à CNN

Entrevista foi ao ar neste fim-de-semana

Caiado: “Qual competência tem Brasília para comandar a polícia de cada estado, se a Força Nacional é incapaz de atuar?” (foto divulgação)

Em entrevista à CNN, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez duras críticas à PEC da Segurança Pública, proposta pelo governo federal. Para ele, a norma é uma “armadilha” que não resolve o problema específico da violência no Brasil, especialmente no combate às facções criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, que dominam diversas regiões do país. “A PEC não enfrenta a questão das facções que controlam as capitais brasileiras”, afirmou Caiado no programa CNN Entrevistas, exibido no último fim de semana.

O governador questionou a centralização das ações de segurança pública no governo federal e a falta de medidas efetivas para combater o crime organizado. Segundo Caiado, o governo busca controlar as forças de segurança estaduais, sem, contudo, oferecer os recursos ou apoio necessário para o enfrentamento do crime. “Se não tem segurança, não tem desenvolvimento, cidadania, nem Estado Democrático de Direito”, destacou. Para ele, as reformas administrativas propostas pelo governo federal são irrelevantes se o país não resolver o problema da violência.

Caiado também citou como exemplo o modelo de segurança implementado em Goiás, onde os índices de criminalidade têm apresentado queda contínua nos últimos seis anos. “Nunca tivemos assaltos a banco, ataques do ‘Novo Cangaço’ ou roubo de carros fortes”, afirmou. O governador comparou esse sucesso com as falhas na atuação do governo federal, lembrando que a Força Nacional, comandada pelo Ministério da Justiça, tem mostrado baixa eficiência no combate ao crime. “Qual competência tem Brasília para comandar a polícia de cada estado, se a Força Nacional é incapaz de atuar?”, provocou Caiado.

A PEC da Segurança, apresentada inicialmente em dezembro de 2023 e alterada na última semana, é vista por Caiado como uma tentativa de concentração de poder nas mãos do governo federal, que, segundo ele, criaria um “conselho gestor” em Brasília para direcionar recursos para os estados e municípios, sem, no entanto, oferecer soluções concretas para a população.

“Sem segurança, nada avança”, afirmou, reforçando que é essencial garantir a ordem e a proteção dos cidadãos para que o país possa prosperar.