Desencontro

Advogado de Zander diz que sentença da Multigrana não foi assinada, mas TJ-GO diz que foi entregue à escrivania

Magistrada responsável não quis comentar as afirmações de Tito Amaral, que reforçou seu posicionamento e disse que essa publicação "não existe no mundo jurídico"

Advogado de Zander diz que sentença da Multigrana não foi assinada ou publicada pela juíza

Tito Amaral, advogado do vereador Zander Fábio (Patriota) e de Dário Alves Paiva Neto, afirmou ao Mais Goiás que a sentença divulgada pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) não foi nem publicada e nem assinada pela juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados. O TJ-GO, por sua vez, afirma que o processo foi  entregue à escrivania, mas a magistrada não irá comentar o assunto.

Zander, Dário e outras sete pessoas foram, supostamente, condenados por fraude apurada na Operação Multigrana. “Estou no gabinete da juíza. É um absurdo, não tivemos acesso, ninguém teve. Ela ainda está fazendo a correção de danos materiais”, diz o defensor.

Segundo a assessoria de imprensa do TJ-GO, “de acordo com a juíza Placidina Pires, a decisão já foi entregue na escrivania. No entanto, ela não comentará as afirmações do advogado. Vai aguardar a representação para se posicionar.” Não houve confirmações acerca de assinatura, apesar das demandas.

Após ser informado do posicionamento do tribunal, Tito voltou a falar com o portal e manteve as afirmações. “Não existe essa publicação no mundo jurídico. O que vale é a atualização de fase.” Ao consultar o processo junto com o advogado, foi possível verificar que a fase ainda marca a data de “31/10/2019 – 12:32”. Confira a seguir.

Consulta feita junto ao advogado Tito Amaral às 16h (Foto: Reprodução)

Mesma posição

O advogado de Zander disse que mantinha o primeiro posicionamento ao Mais Goiás (de antes da informação do TJ-GO). “É o maior absurdo que já vi no judiciário”, se indigna Tito. “Uma publicação [no site] sem que a sentença tenha sido assinada. É o tipo de coisa que tem que revoltar qualquer cidadão”, relata o defensor. Amaral garante, ainda, que a corregedoria será acionada para a apurar o caso.

O Mais Goiás conseguiu a decisão e esta, de fato, confirma o que está no site do TJ-GO. Porém, nela não consta a assinatura digital.

(Foto: Reprodução)

Apesar de tudo, Tito ainda mantém a “certeza da absolvição dos meus dois clientes”. Segundo ele, há “prova sobrando” de que eles não tiveram qualquer participação no crime apontado.

Condenação

Na condenação divulgada pelo site do TJ-GO também estão Larissa Carneiro de Oliveira, Clenilson Fraga da Silva e Leandro Rodrigues Domingos. As outras quatro pessoas, fora de cargos públicos, são Geraldo Magela Nascimento, Davi Pereira da Costa, Deoclécio Pereira da Costa e Fabiana Narikawa Assunção.

Sobre os cinco primeiros, é informado que a juíza responsável, Placidina Pires, decidiu pela perda e a proibição de exercer cargos públicos por oito anos. Os demais foram inabilitados de exercer cargos e funções públicas por oito anos.

O Mais Goiás tenta contato com a defesa dos demais envolvidos. Essa matéria poderá ser atualizada.

Multigrana

A primeira fase da Operação Multigrana foi deflagrada em 23 de maio de 2017 pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Goiás (MPGO), a fim de desarticular uma organização envolvida em desvios no Parque Mutirama e no Zoológico de Goiânia. À época, as estimativas apontavam para um desvio de R$ 60 mil por fim de semana de funcionamento somente do parque. Três dias depois, o grupo desencadeou a segunda fase do operação.

Segundo relatado, na ocasião, a organização se aproveitava da dificuldade de monitoramento dos valores, pagos sempre em dinheiro nas bilheterias, e atuava de dois modos principais: caso os bilhetes já utilizados fossem descartados de forma intacta eram reaproveitados e “vendidos” novamente.

Se os bilhetes fossem rasurados ou rasgados, fazia-se uma duplicação e reimpressão desse ingresso, devolvendo para o caixa, para contabilização do dinheiro a menos. Nos dois casos, os valores com a segunda venda dos ingressos ficavam com o grupo.

No fim de agosto daquele ano, vale lembrar, o TJ-GO, por meio do juiz Marcelo Fleury Curado Dias, chegou a afastar, cautelarmente, o o vereador Zander, sem prejuízo de remuneração, por 180 dias, salvo se antes for concluída a instrução processual. Ele retornou em março de 2018.