POLÊMICA

Áudio atribuído a suposto assessor de Igor Franco insinua conspiração milionária para derrubar vereadores; ouça

O vereador Igor Franco (Solidariedade) se tornou alvo de alguns parlamentares da Câmara de Goiânia…

Vereador por Goiânia, Igor Franco deixa Solidariedade e se filia ao PV
Igor Franco, vereador por Goiânia (Foto: Câmara dos Vereadores de Goiânia)

O vereador Igor Franco (Solidariedade) se tornou alvo de alguns parlamentares da Câmara de Goiânia após um áudio atribuído a um assessor do advogado ter sido exposto no plenário do Legislativo pelo vereador Pastor Wilson (PMB) na manhã desta terça-feira (07/11). Com risco de perder o mandato pelo partido não ter cumprido a cota de gênero, o religioso partiu para cima do líder do bloco Vanguarda.

Na denúncia de Wilson, há uma insinuação grave: a de que Igor Franco usa sua suposta influência junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para conseguir derrubar mandatos de vereadores que estão em partidos que descumpriram a cota de gênero. Em uma suposta queda, Igor teria gastado R$ 1 milhão para derrubar os mandatos dos vereadores Marlon Franco e professor Márcio (Cidadania).

O PMB do Pastor Wilson está entre a lista das legendas que não cumpriram a legislação eleitoral e com processos no retrovisor. Já perderam seus mandatos de vereadores eleitos pelo PRTB e Cidadania. Franco, por meio de nota – que pode ser lida na íntegra ao final do texto -, disse que as acusações são levianas. 

Não está bem definido o contexto em que o áudio exposto por Wilson foi inserido. Tratava-se de uma conversa com o suposto servidor comissionado identificado como Carlos Antônio de Oliveira e uma mulher. Nele, Carlinhos diz que Igor Franco iria para falar com o prefeito “pessoalmente” para ver o que estava “pegando” e se for preciso agilizaria o “mais rápido a cassação de alguns vereadores que estão atrapalhando”. Dinheiro, segundo o aúdio, não era problema. “Ele foi no STF e mexeu os pauzinhos. Um milhão que ele pagou lá, só pra você ter uma ideia”, completava o áudio. 

O áudio

Ouça o áudio supostamente atribuído a assessor de Franco

Leia a transcrição do áudio na íntegra:

O Edvaldo volta para o lugar até resolver isso aí. Segundo ela, me falou que o Igor vai hoje pessoalmente resolver com o prefeito. Para ver o que aconteceu e o que está pegando. Porque segundo ele, vai forçar a barra com o prefeito e quem for preciso ele vai… agilizar mais rápido a cassação de alguns vereadores que estão atrapalhando. Dinheiro ele tem, quer dizer, a família dele tem demais. Só nessa aí de derrubar o Bruno mais o… Na verdade, foi o último agora, o Marlon e o professor Márcio… Ele foi no STF e mexeu os pauzinhos. Um milhão que ele pagou lá, só pra você ter uma ideia.

Wilson disparou contra as supostas movimentações feitas por Igor, apesar de não citá-lo em nenhum momento. “Eu quero entender esse áudio porque a corte do TSE não tá sabendo o que está acontecendo. Será que eu vou ser a próxima vítima? Cada vez que vai em Brasília cai dois. Já tão divulgando na região noroeste que quarta-feira eu vou cair. Tem que respeitar os vereadores. Eu fui eleito pelo voto”, vociferou. “Me chega um áudio que foi um milhão? Eu quero saber para quem foi!”.

Parlamentares polemizam a gravação

Na sequência, Ronilson Reis (sem partido), Leia Klebia (Podemos), Anderson Bokão (Solidariedade), Léo José (sem partido), além da vereadora Aava Santiago (PSDB) direcionaram críticas ao suposto conteúdo áudio. Klebia, eleita pelo PSC e uma das que possuem mandato sob risco se manifestou. “Essa denúncia é gravíssima. Muito grave. O certo é que os processos foram colocados em várias chapas, incluindo a minha. Eu não tô vendo nenhuma mulher assumindo esse poder porque todas nós fomos cassados por cota de genêro. O jogo foi feito politicamente querendo derrubar um mandato legítimo, na urna, no voto, fazendo disso uma desgraça nessa casa”, disparou.

Léo José, que já teve seu mandato cassado mas a decisão ainda não foi executada também se manifestou. Num discurso que pareceu de despedida agradeceu vários parlamentares. “Eu queria chamar atenção de todos o quanto é grave o áudio e as falas que a gente escuta pelos corredores. A todo o momento escutamos essa atrocidade que eu acredito e confio no nosso sistema democrático de direito que não acontece isso no TSE”, iniciou. 

“Então, a todo o momento, não só nas falas de corredores, em todos os jornais diariamente, aparecem falando em nome de bloco dizendo que o bloco vai aumentar para usar esse bloco maior a cada momento a custa de sei lá o que para extorquir o prefeito”, postulou insinuando possíveis ameaças do bloco Vanguarda. Léo José que rompeu com o prefeito Rogério Cruz o parabenizou pela exoneração de indicados do grupo. “Os vereadores estão montando bloco e acrescentando pessoas de maneira escusas, que não ganharam eleição para poder chantagear o prefeito”, pontuou. 

Vereador faz “hora extra”

Procurado pela reportagem, Igor Franco não citou pastor Wilson, mas direcionou sua nota para desferir diversas críticas ao parlamentar. Chamou o episódio de ‘lastimável’ e disse que as ‘acusações são levianas’. Destacou que em todo o Brasil “inúmeras chapas vêm sendo cassadas pelo TSE por fraude à cota do gênero feminino”, postulou.

Disse que Pastor Wilson foi eleito a partir de uma “chapa fraudada” e que sua tentativa de descredibilizá-lo tratava-se de algo “tosco, infeliz e atabalhoada”. O áudio, atesta Igor, é “do ano passado de um servidor efetivo da Prefeitura de Goiânia onde o mesmo faz ilações inverídicas e levianas”.

Igor destaca que a conduta representa “tão somente o desespero e despreparo daquele que está fazendo hora extra” na Câmara dos Vereadores. Leia a nota na íntegra:

Tendo em conta o lastimável episódio de acusações levianas ocorridos hoje na Câmara Municipal de Goiânia,  nos importa esclarecer o que segue.

Assim como vem ocorrendo em todo país, inúmeras chapas vêm sendo cassadas pelo TSE por fraude à cota do gênero feminino.

Um candidato, advindo de uma chapa fraudada, ou seja, que não foi eleito legitimamente, na tentativa tosca, infeliz e atabalhoada de intimidar Juízes do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, apresentou um áudio do ano passado de um servidor efetivo da Prefeitura de Goiânia onde o mesmo faz ilações inverídicas e levianas de que este Vereador pagaria um milhão por cada cassação desta Câmara junto ao TSE.

Tal acusação requentada, lastreada em áudio do ano passado, referindo-se inclusive à Decisão de cassação do Partido Cidadania pelo Ministro aposentado Ricardo Lewandowisk, revela-se tosca por sua própria essência.

Tal conduta manifesta tão somente o desespero e despreparo daquele que está fazendo hora extra na Câmara Municipal de Goiânia e intentando um matreiro e infrutífero plano de tentar intimidar a Justiça Eleitoral.

Deste modo, registro meu profundo repúdio e reproche a tal prática leviana deste indivíduo que nem sequer eleito foi o qual intenta em intimidar o TSE e seus Membros a não seguir corrigindo as fraudes perpetradas na linha de sua pacífica jurisprudência.