Base aliada de Mabel domina Câmara, mas vereadores prometem vigilância
Prefeito conta com maioria absoluta na Câmara, mas mesmo minoritária, oposição promete ser barulhenta

A Câmara dos Vereadores de Goiânia inicia na manhã desta terça-feira (4/2), seus trabalhos legislativos sob a nova administração do prefeito Sandro Mabel (União Brasil). Será a primeira sessão da nova legislatura após a posse e a realização da eleição da mesa diretora, novamente presidida pelo vereador Romário Policarpo (PRD), reeleito para a comandar a casa pela quarta vez.
Com uma base aliada robusta, composta por 28 vereadores, a expectativa do líder do governo na Casa, Igor Franco (MDB), é de um relacionamento pacífico e produtivo. No entanto, especialistas apontam que os primeiros meses podem ser marcados por um período de estabilidade, seguido de possíveis embates conforme interesses políticos se intensificarem.
Base de Mabel na Câmara está consolidada, diz líder do governo
Igor Franco não esconde o otimismo. Ele tem a certeza de que a relação entre o Executivo e o Legislativo será completamente diferente da que existia na gestão de Rogério Cruz, marcada por instabilidade e forte interferência da Câmara na administração municipal.
“Agora nós temos em Goiânia um grande gestor. Nossa base hoje conta com 28 parlamentares definidos. Não acredito em uma oposição barulhenta de forma alguma. Mabel terá total governabilidade. O governo Rogério deu errado, o governo Mabel já deu muito certo”, defende Franco em entrevista ao Mais Goiás.
O líder do governo destacou algumas das primeiras ações do novo prefeito, como a ampliação de vagas em Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e a substituição de lâmpadas convencionais por tecnologia LED nas ruas da cidade. “Você vai ver outra gestão. É um governo agora que entrega resultados”, conclui.
Independência e fiscalização na gestão Mabel
Mesmo com a ampla base governista, a vereadora Aava Santiago (PSDB) ressalta que manterá uma postura independente, avaliando caso a caso as propostas do Executivo. Para ela, o apoio virá apenas para pautas que tragam reais benefícios para Goiânia.
“Não gosto de imaginar que minha autonomia de fiscalização pode ficar fragilizada porque tenho cargos no Paço ou sou contabilizada como base. Prefiro manter um perfil independente. Se o prefeito quiser fazer uma auditoria profunda nos contratos da Comurg, por exemplo, ele terá meu apoio. Mas vou pesquisar de perto cada medida”, enfatiza Aava.
A vereadora destaca que estará atenta especialmente à política de educação infantil, defendendo que a expansão de vagas deve respeitar diretrizes pedagógicas. “Educação infantil tem método e esse método precisa ser respeitado.”
Especialistas apontam possíveis embates
Para o professor de Ciências Políticas Guilherme Carvalho, o início do relacionamento entre Executivo e Legislativo será marcado pela harmonia e aprovação acelerada de projetos. No entanto, ele alerta que a dinâmica política pode mudar conforme disputas por espaços de poder se intensifiquem.
“A priori, eles vão começar de forma harmônica. Mas, quando os choques sobre cargos e alianças para 2026 surgirem, veremos a composição real da base e da oposição. Hoje, até o PL está alinhado ao governo. Mas dá pra esperar que, em uns seis meses, esse clima pacífico comece a se alterar”, projeta.
O especialista também pontua que o cenário político da gestão Mabel será diferente do que ocorreu com Rogério Cruz. “No governo anterior, o parlamento tomou o poder de fato. Mabel tem mais legitimidade política, mas não significa que vai enquadrar a Câmara. O legislativo também tem sua própria agenda.”
Já o estrategista político Marcos Marinho destaca que, apesar do começo positivo, as relações podem se desgastar com o tempo, especialmente por conta das aspirações políticas de alguns vereadores.
“O Executivo precisa negociar para não sucumbir. Quanto mais fraco o governo, mais o Legislativo tende a usurpar. O problema é que muitos vereadores estão de olho em 2026, e esse fator pode mudar a dinâmica de alianças”, explica.
Marinho também observa que a presença de Romário Policarpo na presidência da Câmara pelo quarto mandato consecutivo pode gerar desafios para a liderança do governo. “Igor Franco e Romário Policarpo tiveram embates no passado. Isso pode dificultar o trânsito da articulação governista na Câmara.”