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Bolsonaro fica em silêncio em depoimento à PF, nesta quinta

“Esse silêncio não é só o uso constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos os quais estão sendo imputados pela prática de certos delitos”, disse o advogado

Bolsonaro fica em silêncio em depoimento à PF, nesta quinta
Bolsonaro fica em silêncio em depoimento à PF, nesta quinta (Foto: Valter Campanato - Agência Brasil)

Como antecipado pela defesa, Jair Bolsonaro (PL) permaneceu calado durante oitiva na Polícia Federal (PF), em Brasília, nesta tarde de quinta-feira (22). Ele ficou apenas alguns minutos no local. A postura ocorre por falta de acesso aos crimes imputados ao ex-presidente, conforme o advogado Paulo Bueno.

“Esse silêncio não é só o uso constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos os quais estão sendo imputados pela prática de certos delitos”, disse o advogado do político ao Metrópoles..

Na ocasião, outras 23 pessoas deram depoimentos simultaneamente no âmbito da Operação Tempus Veritatis. A ação foi deflagrado no começo do mês e investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito que serviria para Bolsonaro no poder.

Investigação

Como mencionado, o inquérito acontece no âmbito da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro. Durante a ação, a PF apreendeu o passaporte do ex-presidente. Além disso, encontrou o que seria a minuta de um discurso de anúncio de decreto de estado de sítio no País no escritório dele, na sede do PL, em Brasília.

Um trecho do documento diz: “Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio (sic) e, como ato contínuo, decreto operação de garantia da lei e da ordem.”

O estado de sítio suspende temporariamente os direitos e as garantias dos cidadãos. Trata-se de um instrumento utilizado pelo presidente.

Além disso, a operação também impediu o contato do ex-presidente com outros investigados, como presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que chegou a ser preso. Ao todo, foram 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão – inclusive em Goiás.

A investigação derrubou o sigilo de um vídeo de julho de 2022, quando houve uma reunião entre Bolsonaro e seus ministros. À época, eles conversavam sobre como agir antes do pleito daquele ano, questionavam a credibilidade das urnas eletrônicas e acusavam, sem provas, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Reação de Bolsonaro

Em reação a operação, Bolsonaro convocou um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, no próximo domingo (25). O objetivo – oficialmente – é ele se defender as acusações no âmbito da investigação. Estão confirmados, pelo menos, três governadores, entre eles Ronaldo Caiado (União Brasil), que quer disputar a presidência com o apoio do ex-presidente.

“No último domingo de fevereiro, dia 25, às 15h, estarei na Paulista realizando um ato pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito. Peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo. E mais do que isso: não compareçam com qualquer faixa ou cartaz contra quem quer que seja. Nesse evento, eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputada a minha pessoa nos últimos meses. Mais do que discurso, uma fotografia de todos vocês, porque vocês são as pessoas mais importantes desse evento, para mostramos para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações e o que queremos”, diz mensagem do ex-chefe do Executivo.