POLÊMICA

Caso Fábio Escobar gera discussão entre base caiadista e oposição na Alego

Mauro Rubem (PT) tenta politizar o assunto e base caiadista reage

Três dias após infarto, deputado Wilde Cambão deixa UTI e vai para o quarto
Três dias após infarto, deputado Wilde Cambão deixa UTI e vai para o quarto (Foto: Maykon Cardoso - Alego)

Com a expectativa de iniciar o debate do reajuste da alíquota do ICMS de 17% para 19% nesta terça-feira (28/11), os deputado estaduais na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) usaram a maior parte do tempo da sessão ordinária para tratar dos desdobramentos das investigações a respeito do assassinato do empresário Fábio Escobar. 

O deputado estadual Clécio Alves (Republicanos) se posicionou contra a proposta de reajuste e apresentou um requerimento aprovado por unanimidade que buscava promover audiência pública em torno do assunto. Major Araújo (PL), Eduardo Prado (PL) e Fred Rodrigues (DC) também pontuaram a respeito. Todos, com exceção de Prado, entraram no embate que iniciou com o deputado estadual Mauro Rubem (PT).  Gugu Nader (Agir) e o líder do governo Wilde Cambão (PSD) reagiram fortemente.

A base caiadista não gostou do tom apresentado por Mauro e insinuaram que o petista quis atingir diretamente o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) com o que disseram ser uma ‘ilação irresponsável’ sobre o assassinato de Fábio Escobar. “[Quero] falar mais uma vez que o povo de Goiás acorda com a notícia de corrupção e morte no Governo Caiado. Isso é lamentável”, introduziu Rubem antes de passar uma série de vídeos sobre a cobertura jornalística em relação ao caso.

As notícias repercutiam que a Polícia Civil havia indiciado o ex-presidente do DEM (hoje União Brasil, após fusão com o PSL) de Anápolis, Carlos César Savastano Toledo, o Cacai, foi indiciado pela Polícia Civil, junto com dez policiais militares, pela morte de Fábio Alves Escobar Cavalcante, ocorrida em junho de 2021. Em 16 de novembro, a Justiça decretou a prisão do político, que segue foragido. Por carta, Cacai alega não ter envolvimento no crime.

“Estão vendo aí que Cacai é um foragido da Justiça e além disso temos seis policiais militares presos. É muito grave o que estamos vendo aqui”, lamentou Mauro Rubem ao apontar outro vídeo citando um inquérito envolvendo o assassinato. “Como é que o Cacai conseguiu articular todos esses policiais? Será que o Cacai conhecia toda a tramitação dentro da Polícia? O senhor Cacai chegou a dizer que Jorge Caiado sabia de tudo sobre Fábio Escobar. Precisamos saber toda essa coincidência. Qual a dimensão de quando o senhor Cacai estava na Codego o que aconteceu lá?”, indagou o petista.

Fábio Escobar: Base reage as ilações feitas por Rubem

Não demorou muito para as reações ao petista surgirem. As mais enérgicas vieram do deputado estadual Gugu Nader (Agir) e do líder do governo Wilde Cambão (PSD). O primeiro não citou o nome de Rubem, mas fez referência clara ao parlamentar. “Eu não quero conflito com nenhum deputado aqui, mas tem deputado que chora dizendo que é ofendido e perseguido, isso e aquilo, mas faz muito pior”, disparou Nader.

“Essa Assembleia não pode virar uma casa de mentiras. Acusações que acabei de escutar mentirosas e grave. Tenho todo o respeito pelo deputado mas ele assume a tribuna e começa a mentir e fazer insinuação que nem existe. Deputado sem responsabilidade que quer usar uma situação para fazer discurso. Deputado sem responsabilidade!”, disparou Nader. “Não tem nada contra o governador!”, defendeu Gugu. “Todo o dia essa insinuação”, lamentou.

No mesmo tom efusivo, Cambão direcionou as palavras a Mauro Rubem, citando-o nominalmente. “O seu presidente foi condenado, por corrupção e uma série de coisas e a Justiça depois o absolveu. Essas informações que o senhor apresentou aí estão no inquérit policial. Não venha usar a tribuna para fazer denúncias vazias não. De onde o senhor tirou as falas desse vídeo? No inquérito policial que a própria PC de Goiás fez! Pelo amor de deus, seja sensato! Não use o seu sensacionalismo para acusar um governador honesto. Tenha coragem de enfrentar a verdade e não com a mentira!”, disparou.

“A Polícia Civil de Goiás estava a cargo de fazer o melhor trabalho por aqui tanto que já havia apresentado os culpados”, completou Cambão.

Oposição tenta colocar panos quentes

Críticos ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), os deputados Major Araújo e Paulo Cézar Martins, ambos do PL, também entraram no assunto, mas evitaram adotar o tom que Mauro Rubem havia usado. Optaram por cobrar celeridade nas investigações. “O pai do Escobar tá querendo saber e como qualquer pai de Goiás, o governador tem por obrigação, não sei se ele [Caiado] deve ou deixa de dever, mas ele deve uma explicação para Goiás o mais rápido possível”, destacou Martins.

“O governador tem que mostrar que tem moral e caráter para o povo goiano. A investigação está demorando. É muito tempo. Filho de um cidadão que prestou muito serviço na cidade de Anápolis foi morto. A verdade precisa ser exposta”, continuou. 

Araújo seguiu a mesma tese mas pediu posicionamento do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). “As pessoas que são acusadas de serem mandantes desse crime são muito próximas ao governador. É o Jorge Caiado, que ficava dentro do Palácio. É um dos diretores da Codego, que estava no cargo quando Escobar morreu. Tem certa razão não de envolver o governo, mas que o Caiado está sendo omisso, isso está”, salientou.

Deputado da base, Thalles Barreto (União Brasil) em defesa do governador Ronaldo Caiado disse que as investigações eram delicadas e que os resultados estavam sendo apresentados e voltou a questionar o petista. 

“O deputado Mauro Rubem começa a induzir e questionar a postura do governador. Isso é muito sério. Subir em tribuna, uma, duas, três, quatro, cinco vezes e querer induzir que o governador tem algum tipo de envolvimento com Escobar é muito grave. A investigação, mesmo demorada, como disse o Paulo Cézar, tem apresentado resultados. Uma investigação dessas não é simples. Quem prendeu os policiais? A própria polícia militar. Quem está investigando o crime? A própria Polícia Civil. Se chegaram aonde chegaram foi meio da Polícia Civil”, afirmou.