REPERCUSSÃO

Condomínio onde vive Bolsonaro vira palco de churrasco e vigília após a condenação do ex-presidente

Moradores se dividiram após a sentença de 27 anos e 3 meses imposta pelo STF

Solar de Brasília, condomínio onde vive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Foto: Fábio Pozzebom / Agência Brasilia)

O condomínio onde vive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi uma mistura de festa e velório após a condenação do capitão reformado, no julgamento da trama golpista que pretendia mantê-lo no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que terminou na última quinta-feira (11). As informações foram reveladas pelo Metrópoles, que teve acesso a mensagens trocadas por vizinhos em um grupo de aplicativo de mensagens.

As discussões começaram quando uma moradora alertou sobre a presença de ambulantes vendendo itens com a imagem de Bolsonaro próximos à portaria e perguntou se havia alguma manifestação marcada. Outro vizinho reforçou a reclamação, dizendo que a entrada do condomínio estava “desorganizada” e pediu intervenção da administração.

Em resposta, alguns moradores ironizaram a situação: “Virou Copa do Mundo”, escreveu um deles. “A final da ‘Copa’ é amanhã! Já comprei a cerveja e a picanha”, completou outro, em referência à possibilidade de o ex-presidente deixar a prisão domiciliar e ser levado a um presídio para cumprir os 27 anos de pena, sendo 24 em regime fechado. O administrador do grupo tentou encerrar a discussão: “Pessoal, por favor. Não comecemos”.

Churrasco da oposição e vigília de apoiadores

Na noite de sexta-feira (12/9), um grupo de opositores do ex-presidente realizou um churrasco no condomínio para celebrar a condenação. A organizadora, que preferiu não se identificar, afirmou que a iniciativa foi pacífica e restrita ao quintal de sua casa. “Estamos comemorando a favor da democracia. É um sentimento de alívio”, disse.

A festa teve decoração com bordados e mensagens de resistência. Segundo a funcionária pública aposentada Helena Silva, o grupo Linhas da Resistência levou os materiais: “É um grupo que borda temas ligados a direitos humanos, defesa da democracia, do meio ambiente e da comunidade LGBT. Isso começou em 2022, na campanha eleitoral, para criar uma mobilização e uma sensibilização para que a gente não reelegesse o Bolsonaro”, afirmou.

Enquanto isso, apoiadores do ex-presidente fizeram mais uma vigília nas proximidades do condomínio. Vestidos de verde e amarelo, com bandeiras do Estados Unidos e de Israel, eles oraram e cantaram louvores pedindo anistia a Bolsonaro.

Condenação

Na quinta-feira (11/9), a Primeira Turma do STF concluiu, por 4 votos a 1, o julgamento da trama golpista e condenou Bolsonaro e aliados por crimes como organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

É a primeira vez que um ex-presidente do Brasil é condenado por crimes contra a democracia. Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão, sendo 24 deles em regime fechado.