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Confira os ‘termos’ da carta que o Brasil enviou aos EUA sobre o tarifaço

Texto diz que governo brasileiro "permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável"

Confira os 'termos' da carta que o Brasil enviou aos EUA sobre o tarifaço
Confira os 'termos' da carta que o Brasil enviou aos EUA sobre o tarifaço (Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil)

O vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram, na terça-feira (15), uma carta ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, para tratar do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O documento diz, entre outras coisas, que o governo brasileiro “permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral”.

Em sua carta aberta, Trump cita alegações comerciais e políticas para sobretaxar os produtos brasileiros em 50%. Em determinado momento, ele exige que acabe a “caça às bruxas” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu em julgamento da suposta trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, também cita sem provas “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”. Confira na íntegra, AQUI.

Mas, de volta ao documento do Brasil enviado aos Estados Unidos, veja os termos a seguir:

  1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.
  2. Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.
  3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.
  4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.
  5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.