PROJETO

Deputado propõe divisão de royalties da exploração das terras raras em Goiás

"A história da mineração em Goiás mostra que a simples presença de recursos não garante desenvolvimento", afirma Mauro Rubem

Deputado propõe divisão de royalties da exploração das terras raras em Goiás
Deputado propõe divisão de royalties da exploração das terras raras em Goiás (Foto: Divulgação - Mineração Serra Verde)

Projeto protocolado pelo deputado estadual Mauro Rubem (PT) propõe a divisão de royalties da exploração comercial das jazidas de terras raras, após a retirada da porcentagem legal destinada ao município ou municípios que realizam a atividade. O texto apresentado em meados do mês prevê a divisão igualitária em:

  • ações de recomposição ambiental;
  • construção e manutenção de aterros sanitários;
  • obras de saneamento; e
  • tesouro estadual.

Mauro Justifica que Goiás tem papel de destaque no cenário mineral brasileiro, abrigando reservas expressivas de nióbio, lítio, manganês, cobalto e terras raras, essenciais para a indústria de alta tecnologia. Segundo ele, o Catalão, Ouvidor, Ipameri, Niquelândia e áreas do Nordeste Goiano possuem potencial geológico que desperta interesse global, o que justifica a regulamentação da divisão dos royalties.

“A história da mineração em Goiás mostra que a simples presença de recursos não garante desenvolvimento. Pelo contrário, a exploração predatória trouxe passivos ambientais, lucros remetidos ao exterior e abandono de comunidades. O que está em jogo não é apenas economia: é o direito do povo goiano de decidir o destino de suas riquezas e evitar que interesses externos ditem nossa política mineral”, justificou.

Atualmente, o documento está na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), sob relatoria da deputada Rosângela Rezende (Agir). Aprovado, ele ainda precisará ser submetido a duas votações em plenário antes de ir à sanção do Executivo.

Autoridade estadual para terras raras

Na quarta-feira (27), a Alego aprovou um projeto de lei que formaliza a criação da Autoridade Estadual de Minerais Críticos (Amic-GO) e do Fundo Estadual de Desenvolvimento dos Minerais Críticos (FEDMC). A medida atende a uma iniciativa do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que busca institucionalizar a atuação do Estado na exploração e no aproveitamento de minérios estratégicos, como as terras raras, cuja importância geopolítica tem crescido diante da corrida global por insumos da transição energética.

Aprovada em Plenário após passar pela Comissão Mista, a proposta altera a Lei nº 21.792/2023, que organiza a estrutura administrativa do Executivo estadual, e estabelece um núcleo de articulação único para todas as ações públicas e parcerias privadas voltadas à cadeia produtiva dos minerais críticos. O modelo segue experiências internacionais de centralização estratégica e se inspira, internamente, no Fundo FIP Mineral de Minas Gerais.

Na justificativa encaminhada à Alego, Caiado ressalta que o objetivo é fomentar o desenvolvimento econômico, tecnológico e social goiano por meio da gestão estratégica do setor. A intenção é ampliar o valor agregado das operações minerais no estado, atrair investimentos de alto impacto, formar mão de obra qualificada e fortalecer a competitividade da indústria local.