SAUDADE

Filha de Iris Rezende lembra os quatro meses da morte do pai

A filha do Iris Rezende (MDB), Ana Paula Craveiro, lembrou os quatro meses da morte…

Filha de Iris Rezende lembra os quatro meses da morte do pai
Filha de Iris Rezende lembra os quatro meses da morte do pai (Foto: Reprodução - Instagram)

A filha do Iris Rezende (MDB), Ana Paula Craveiro, lembrou os quatro meses da morte do pai em suas redes sociais. “A ausência dele só não é maior do que a saudade que eu sinto”, escreveu sobre o ex-prefeito de Goiânia e ex-governador de Goiás.

Iris morreu aos 87 anos, na madrugada de 9 de novembro, depois 3 meses meses internado para tratar de um AVC. Ele faleceu no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde estava em tratamento desde 6/8/2021.

Ainda pelo Instagram, Ana Paula narrou a saudade. “Chego na fazenda e a cadeira dele está lá… Vazia. Mas continuo com a sensação que ele vai chegar e tomar conta de tudo. Chego no escritório e vejo a foto dele com o presidente Juscelino Kubistchek. Ainda consigo escutá-lo contando em detalhes da emoção daquele encontro. Chego no apartamento para os almoços de domingo e o primeiro a me receber é o Barack (que segue na expectativa de que ele vai voltar). Olho para o canto do sofá que ele sempre estava quando chegávamos e ainda escuto o tão familiar ‘salve’ (alto e forte) que ele sempre nos recebia.”

Apesar da saudade, a filha diz que também gratidão pela vida do pai e por ter participado dela.

Orgulho de Goiás

Iris foi mais longevo e bem-sucedido político da história de Goiás. Iniciou a carreira aos 16 anos, como candidato a vereador em Goiânia pelo PTB. Foi presidente da Câmara Municipal. Em 1966, foi eleito para o primeiro dos seus quatro mandatos de prefeito. Esta passagem de Iris pela prefeitura foi interrompida antes da hora pelo regime militar que começava naquela época, e que escolheu Leonino Caiado para ser o prefeito interventor na Capital.

A trajetória política de Iris ficou sobrestada até o ocaso da ditadura. Embalado pelo crescimento do único partido de oposição nos anos 1980, o PMDB, Iris liderou a campanha pelas eleições diretas para presidente da República (Diretas Já) em Goiás e elegeu-se governador em 1982. Como uma estrelas do PMDB, foi convidado pelo então presidente José Sarney para ser ministro da Agricultura cargo que ocupou entre 15 de fevereiro de 1986 a 14 de março de 1990.

Ao fim do seu primeiro mandato como governador, Iris bancou a candidatura do então aliado Henrique Santillo a governador. Santillo elegeu-se, mas a relação entre os dois logo azedou e o PMDB cindiu. Surgiria uma dissidência da qual faria parte, por exemplo, o futuro governador Marconi Perillo. Santillo teve quatro anos difíceis como governador, pressionado por Iris – que voltaria ao cargo em 1991.

Tanto o primeiro quanto o segundo mandato de Iris no governo foram embalados pelo forte crescimento do agronegócio, que impulsionou a arrecadação do Estado. O governo fez sua parte abrindo e pavimentando rodovias importantes para escoamento da produção. O programa mais marcante das suas administrações é o mutirão da casa própria. Em entrevistas, Iris disse que, com a mão de obra das pessoas da região, foram construídas mil casas em um único dia.

Em 1994, Iris foi eleito senador e apoiou a candidatura do seu vice, Maguito Vilela, a governador. Após três anos de mandato, aceitou convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e virou ministro da Justiça. Ficou na pasta entre maio de 1997 e abril de 1998). O ex-prefeito desincompatilizou-se do ministério para enfrentar a eleição em que sofreria a maior derrota da sua carreira política.

Iris perde eleição para Marconi

Em 98, Iris apresentou-se como franco favorito para renovar o ciclo de poder do PMDB, que havia começado com ele próprio em 1983. O sentimento foi de surpresa quando Maguito disse que não seria candidato à reeleição para apoiar Iris (que largou com mais de 70% das intenções de voto). Contra ele havia um pequeno grupo de políticos do PP e do PSDB – alguns oriundos do santillismo. Um deles era Marconi Perillo (PSDB).

A derrota de Iris para Marconi ainda é o episódio mais cinematográfico da história política de Goiás. Marconi conduziu uma campanha com o discurso pautado na renovação e no combate ao que ele chamava de panelinha. Iris perdeu a dianteira nos últimos dias do primeiro turno e a derrota se consolidou no segundo. Os dois anos seguintes foram de reclusão em suas fazendas. Nem as famosas festas de aniversário, em que recebia milhares de pessoas com galinhada, churrasco e bebidas, foi promovida.

Iris tenta retomar carreira como candidato ao Senado

Dois anos depois, Iris levantou a poeira e se lançou candidato ao Senado. Veio então o segundo revés. Ele foi derrotado por Demóstenes Torres (PFL) e Lúcia Vânia (PSDB). O meio político pensava que aquele era o fim da carreira política de Iris. Mas, em vez de se aposentar, ele optou por dar um passo atrás e disputar a prefeitura de Goiânia. Venceu Pedro Wilson (PT) e consagrou-se prefeito pela segunda vez.

Iris foi reeleito com absoluta tranquilidade. Em meados do terceiro mandato, renunciou para disputar o governo outra vez com Marconi. O PSDB triunfou de novo, mas a popularidade de Iris permaneceu alta a ponto de ele conseguir pavimentar a eleição do prefeito Paulo Garcia (PT), que por alguns anos foi o seu vice.

Iris e Paulo começaram a se desentender desde os primeiros meses do mandato do petista. Mas não houve troca pública de ataques. O que se passou nesse período foi uma guerra fria que durou três anos e só chegou a termo no momento em que Iris anunciou que seria candidato a prefeito (pela última vez) e disse que havia sido um erro apoiar Paulo.

Em agosto de 2020, Iris anunciou que não seria candidato à reeleição. Foi quando o MDB decidiu lançar a candidatura de Maguito Vilela a prefeito. Maguito venceu, mas morreu em janeiro de 2021.

Um dos últimos atos políticos de Iris, talvez, tenha sido a articulação de uma aliança do MDB com Caiado (DEM), seu amigo. Em 24 de setembro, a parceria se tornou oficial com o anúncio de Daniel Vilela, filho de Maguito e presidente do MDB Goiás, como vice do governador em 2022