PUNHAL VERDE E AMARELO

Goiânia é citada 42 vezes em relatório da PF que detalha plano golpista e tentativa de matar Lula

Plano também incluía o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes

Lula deve passar por terceira intervenção médica na cabeça, na noite desta quinta (Foto: Jucimar de Sousa)

Goiânia é citada 42 vezes no relatório da Polícia Federal (PF) que detalhe o plano golpista elaborado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder e matar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais. O documento, que tem 884 páginas, coloca a capital de Goiás como um centro estratégico, espécie de quartel-general (QG), que daria apoio para operações logísticas e táticas fundamentais para a promoção do eventual golpe.

Análise do relatório feita pelo Mais Goiás revela que o Aeroporto de Goiânia, por exemplo, foi citado como ponto de chegada e partida de investigados, além de local para locação de veículos utilizados em deslocamentos, especialmente para Brasília.

Goiânia também aparece como elo importante nas conexões terrestres entre Goiânia e a capital federal, com a Rodovia BR-060, frequentemente mencionada como rota usada pelos envolvidos, incluindo registros de pedágios e monitoramento das viagens.

Além disso, o relatório aponta a presença de residências de investigados em Goiânia, com movimentações relevantes nas proximidades desses endereços, identificadas por sinais de celulares e conexões telefônicas.

Goiânia como QG do plano golpista

A cidade também abriga unidades militares de destaque, como o Comando de Operações Especiais (COpEsp) e o Batalhão de Ações e Comandos (BAC), ambos localizados em Goiânia, que desempenharam papéis significativos no planejamento e execução de ações investigadas. Essas unidades foram utilizadas tanto para mobilização de veículos quanto para operações de alta complexidade, reforçando o papel estratégico de Goiânia na trama investigada.

O relatório detalha como o Comando de Operações Especiais (COpEsp), foi inserido no planejamento de ações clandestinas. Como unidade responsável por formar militares especializados em operações de contraterrorismo, reconhecimento especial e guerra não convencional, o COpEsp desempenhou papel central no fornecimento de competências consideradas fundamentais para a execução do plano investigado.

Grupos oriundos do COpEsp, incluindo militares do BAC, foram mobilizados para monitorar alvos estratégicos em Brasília. No dia 15 de dezembro de 2022, por exemplo, um grupo identificado como “Kids Pretos” — formado por integrantes de forças especiais — deslocou-se de Goiânia para a capital federal com a missão de atuar em ações operacionais que incluíam monitoramento e a possível execução de ordens contra autoridades.

Essas ordens incluíam não apenas a neutralização de opositores ao plano golpista, mas também o assassinato de figuras centrais no governo eleito, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Tudo feito e operacionalizado pelo BAC, que tem sua sede em Goiânia.

Veículos vinculados ao BAC, unidade localizada no COpEsp, foram utilizados em deslocamentos táticos, e a própria instalação serviu como base de coordenação para ações clandestinas. O planejamento também incluiu o uso do documento “Punhal Verde e Amarelo”, que delineava estratégias específicas de atuação. Esse plano incluía a participação de militares formados no COpEsp em ações táticas de alta complexidade e foi impresso no Palácio do Planalto. O detalhamento das operações reforça a importância do comando em Goiânia como ponto estratégico de suporte logístico e operacional para o cumprimento do plano investigado.