Lealdade em xeque: dívida histórica pressiona Velomar Rios em Catalão
Crescimento da pré-campanha de Adib Elias a deputado estadual expõe pressão sobre o prefeito, historicamente sustentado pela liderança do ex-prefeito da cidade
O avanço da pré-candidatura de Adib Elias a deputado estadual, que segue atraindo prefeitos, vereadores, lideranças regionais e empresários do sudeste goiano, reabriu um debate incômodo no próprio núcleo político que o ex-prefeito ajudou a construir. O silêncio do atual prefeito de Catalão, Velomar Rios, sobre um eventual apoio ao aliado histórico tornou-se um dos principais temas em circulação nos bastidores do município.
A estranheza é compreensível. Adib e Velomar caminham juntos há mais de quatro décadas. A aliança moldou gestões municipais, definiu sucessões e consolidou um dos grupos mais influentes da política goiana. Ao longo desse período, Adib ofereceu estrutura, capital eleitoral e responsabilidade política que garantiram a trajetória de Velomar.
A carreira do atual prefeito se confunde com a de Adib: foi assessor quando o líder era deputado estadual, ocupou secretarias estratégicas em quatro gestões e chegou ao Paço Municipal sempre amparado pela articulação do aliado. Em Catalão, é consenso que Velomar só se firmou politicamente porque Adib o projetou.
É justamente por isso que a hesitação de Velomar pesa. A dupla sempre se apresentou como politicamente inseparável, uma relação pautada por lealdade e ausência de ambiguidades. Agora, no momento em que Adib volta a ganhar força regional, coleciona apoios e recupera espaços que estavam dispersos, o silêncio do prefeito soa destoante.
Interlocutores próximos ao grupo afirmam que não há divergência política entre os dois. O movimento de Velomar teria sido provocado por articulações paralelas que tentam redesenhar o tabuleiro local e estimulam o prefeito a buscar um caminho próprio. O risco, porém, é evidente: em Catalão, a base adibista costuma reagir de forma dura a qualquer gesto interpretado como ingratidão ou ruptura do pacto que sustenta o grupo há décadas.
A dúvida que se impõe é simples e decisiva: Velomar seguirá fiel à história construída ao lado de Adib ou cederá ao cálculo eleitoral imediato? Um gesto público de apoio reduziria o ruído e reafirmaria a imagem de lealdade que sempre acompanhou os dois. O que vier, ou deixar de vir, agora influenciará diretamente o futuro do prefeito, a relação com o eleitorado e a estabilidade interna da base.
Com Adib em ascensão e consolidando novas alianças pelo sudeste goiano, a pressão sobre Velomar cresce. Há dívidas políticas que o tempo não apaga. E, para o prefeito, a cobrança chegou. No momento atual, tudo se resume a uma palavra: escolha. Na política brasileira, algumas escolhas ampliam caminhos. Outras, simplesmente os encerram.