ENTREVISTA

Lula vê com “certa tristeza” aliança entre MDB e Caiado em Goiás

O ex-presidente Lula (PT) disse à Rádio Sagres, nesta sexta (17), que vê “com certa…

Lula
Ex-presidente Lula em entrevista (Foto: Reprodução - Sagres)

O ex-presidente Lula (PT) disse à Rádio Sagres, nesta sexta (17), que vê “com certa tristeza” a aliança do MDB de Goiás com o governador Ronaldo Caiado (DEM). Na quinta (16), a parceria para as eleições de 2022 foi oficializada.

Na opinião do ex-presidente, o MDB está se unindo a uma pessoa “pouco democrática”. “Vamos continuar conversando com o MDB, pois tenho com eles uma relação extraordinária. A aliança entre os dois partidos em Goiás não significa que devemos parar de conversar com o MDB no Brasil inteiro”.

Sobre uma frente progressista em Goiás, o ex-presidente não adentrou muito o assunto, mas acredita que é possível uma aliança política no Estado. “Vamos trabalhar para ver com quem a gente se junta.”

Na ocasião, ele lembrou também que sempre teve boas relações com os políticos do Estado, como o ex-governadores Iris Rezende (MDB), Marconi Perillo (PSDB) e Alcides Rodrigues (Patriota).

Polarização entre Lula e Bolsonaro

O petista também pincelou uma série de outros assuntos durante a entrevista de cerca de 40 minutos. Questionado sobre uma possível polarização em 2022 – entre ele e Bolsonaro (sem partido) -, Lula lembrou que o PT polariza eleições de 1989.

“Eu sinceramente não sei porque que se inventou para a disputa a palavra polarização. O PT polariza desde 1989 com Collor, com Fernando Henrique Cardoso, Serra, Alckmin”, citou.

Inclusive, ele vê dificuldades no surgimento de uma terceira via efetiva. Esta, para ele, teria que derrota-lo no primeiro turno de 2022 ou derrotar Bolsonaro. Para isso, teria que ocorrer uma mudança brusca ainda este ano, ele avaliou.

Sobre a rejeição e popularidade, Lula afirmou que presidente não tem que ser eleito por unanimidade, mas por 50% mais um. Contudo, ele reforçou, é preciso ter sensibilidade para saber que irá governar para todos. “Querermos que saibam que vamos governar para todos. Mas vamos colocar o pobre em primeiro lugar.”

Pesquisa eleitoral que mostra Lula com vantagem ampliada

Ele ainda comentou sobre a pesquisa recente do Instituto Datafolha, na qual ele ampliou sua vantagem contra Bolsonaro (sem partido): no segundo turno, ele venceria por 58% a 31%.

“Eu acho cedo para a gente ficar apreciando com muito destaque as pesquisas. A pesquisa é uma fotografia que pode mudar daqui a um mês. O que precisamos entender é que as pesquisas serão mais contundentes quando a campanha começar. Aí sim, vão mostrar um quadro real.” Para ele, inclusive, o ideal é que todos partidos pudessem lançar candidatos.

Lula também falou sobre os atos do dia 12 de setembro, convocados pelo MBL contra Bolsonaro. “Nunca acreditei na capacidade de mobilização do MBL”, falou sobre a baixa adesão. Segundo o ex-presidente, o grupo surgiu durante as mobilizações pelo impeachment de Dilma, quando a imprensa fazia convocações às claras para isso.

Já sobre a convocação de Bolsonaro – das manifestações de 7 de setembro –, ele afirmou que houve muito investimento, inclusive de empresas, e campanhas com um mês de antecedência. Ele avalia que estas demonstraram que o atual presidente possui uma base forte, mas não tanto quanto ele imaginava.