TERRA ARRASADA

Mabel diz que extensão do estado de calamidade ajudará a renegociar dívidas de Goiânia

De acordo com ele, o problema é agravado pela ausência de documentação e registros formais das dívidas

Prefeito Sandro Mabel em prestação de contas nesta quinta-feira (29) (Foto: Alex Malheiros)

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), voltou a reforçar a narrativa de que recebeu a gestão em cenário de terra-arrasada deixada pela administração anterior e reforçou que tem feito esforços para manter os pagamentos em dia. Contudo, reforçou que enfrenta uma situação que classificou como “praticamente impossível” de administrar sem renegociar o passado. Por isso, defende a extensão da situação de calamidade ao Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO). A declaração aconteceu na manhã desta quinta-feira (29) durante prestação de contas na Câmara de Goiânia.

“Pegamos uma cidade com R$ 4 bilhões em dívidas. É praticamente impossível assumir uma cidade desse jeito”, afirmou o prefeito, ao destacar que parte expressiva dessas obrigações não consta na contabilidade oficial. De acordo com ele, o problema é agravado pela ausência de documentação e registros formais. “No Imas, tínhamos R$ 5 milhões em restos a pagar e R$ 260 milhões em fornecedores que estão lá. Mas tem que pagar. Pagar de que jeito? Não consta, não tem documento, não está na contabilidade oficial”, pontuou.

Mabel citou ainda que, segundo cálculos internos, se Goiânia fosse dividir toda a dívida herdada em 40 meses, teria que destinar R$ 100 milhões por mês apenas para quitar o passivo, o que inviabilizaria qualquer investimento. “Goiânia investe em média R$ 250 a R$ 300 milhões por ano com recursos próprios. Como é que eu vou arrumar R$ 1 bilhão e 200 milhões para pagar dívida para trás sem fazer nenhum investimento?”, questionou.

Um dos exemplos mais críticos apresentados foi o setor de saúde. O prefeito relatou que hospitais e UTIs chegaram a fechar as portas para a prefeitura e que ainda há um débito de R$ 50 milhões apenas com anestesistas. “Eles não querem saber de gestão anterior ou atual. Trabalharam e precisam receber”, disse.

De acordo com o prefeito, a atual administração tem conseguido garantir a retomada dos atendimentos ao negociar os valores atrasados, mas mantém a regularidade dos pagamentos desde o início do mandato. “Hoje nós negociamos isso e estamos pagando tudo em dia. Agora, o ‘para trás’ tem que se trabalhar e fazer uma negociação para que a gente possa fazer.”

Mabel também cobrou uma atuação mais incisiva da Câmara e do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) na apuração e transparência das dívidas herdadas. “O resto, a Câmara e o TCM têm de fiscalizar. Porque não reconhecem isso? Porque não estão nos balanços. É tudo dívida solta”, criticou.