Marconi Perillo atribui perda do eleitorado tucano a “polarização esdrúxula”
Num longo discurso, novo presidente tucano faz referência a polarização entre PT e Bolsonaro e fala em reconstruir o PSDB
Ao assumir o PSDB na manhã desta quinta-feira (30), na convenção nacional da legenda, em Brasília, o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, prometeu reconstruir o partido para as próximas eleições. Citou as recentes derrotas que a legenda teve e atribuiu a perda do eleitorado tucano à “polarização esdrúxula”, fazendo referência às disputas recentes protagonizadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os candidatos do Partido dos Trabalhadores, sem citá-los nominalmente.
“Chego em um momento difícil para o partido. As bancadas estão reduzidas, o partido precisa ser implantado e estruturado em vários lugares do País. O partido perdeu boa parte do eleitorado por conta dessa polarização esdrúxula que não levou o País a lugar algum”, pontuou ainda na introdução do discurso. Perillo não citou em nenhum momento o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tampouco do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas fez referência a ambos em alguns momentos.
O ex-governador demonstrou otimismo com o futuro do partido e falou do desafio que terá ao dar suporte aos senadores e deputados federais, bem como fortalecer a bancada da legenda no Congresso Nacional. O partido que já liderou o número de parlamentares hoje tem apenas três senadores e 13 deputados federais. Como a sigla está federalizada com o Cidadania, o número sobe para 18 contando com a agremiação parceira.
Em um discurso que durou pouco mais de 20 minutos, Marconi fez questão de citar os ex-presidentes do partido e reforçar que vai respeitar o legado deles junto a sua gestão. “Será que o Brasil não vai acordar para o fato que a gente precisa de pessoas sensatas e não tenham vaidade nas funções que ocupam e que queiram usar essas funções para servir o nosso país?”, indagou.
“Estou seguro que possamos traçar um caminho que nos leve a vitória. Mais dificil que fazer uma eleição, é ganhar e fazer bem feito. Governar com qualidade e seriedade”, respondeu. Uma das condições que colocou ao assumir o PSDB foi que o partido lhe dê liberdade para construir uma candidatura à presidência da República, em 2026.
Em certo momento disse que não almejava o cargo que está assumindo “Eu não queria nem ser presidente agora, nem podia, mas achei que meu nome convergia um pouco e acabei apesar de muitas limitações que tinha e tenho, aceitando esse desafio para somar”, pontuou MarconI Perillo.
No entanto, acredita que é furar a bolha polarizadora que aí está. “Hoje somos o único partido fora da polarização que tem um nome e uma história que está sendo construída e que tem um propósito e terá o melhor programa para o país”, salientou.
Quis remeter ao passado. Citou os programas de transferência de renda instituídos ao longo dos governos Fernando Henrique Cardoso. “Somos sociais democratas e temos convicções com relação a privatização, pautas liberais mas também focamos no social. Nós implantamos o programa de saúde da família, os genéricos, os programas de transferência de renda que serviram de referência para o Governo que está ai hoje”, enfatizou.
Mas também falou sobre o futuro e destacou que quer se comunicar com o eleitor jovem. “Conectar com a juventude e trazê-la para perto mostrando que o PSDB é o partido do equilíbrio, do resultado, que é sério. Que pensa nas pessoas, não para ganhar voto, mas como instrumento de transformação”, destacou.
O ex-governador chegou a flertar a saída do PSDB após a derrota nas eleições em 2022. À época, ele perdeu a cadeira do Senado Federal para o empresário Wilder Morais (PL).