ELEIÇ~PES

Marina lança pré-candidatura, desconversa sobre Lula e defende ‘governo de transição’

Aliados de ex-senadora relataram que encontro entre ela e o petista, hoje rompidos, deve acontecer em breve, "mas não em público"

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva recebe homenagem nesta quinta, em Goiânia
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva recebe homenagem nesta quinta, em Goiânia (Foto: Reprodução - Facebook)

Em evento de lançamento de sua pré-candidatura à Câmara dos Deputados na manhã deste sábado, em São Paulo, a ex-ministra Marina Silva (Rede) desconversou sobre a esperada reaproximação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Se o nome do petista passou batido por seu discurso, em que Marina defendeu a união das esquerdas para eleger Fernando Haddad (PT) governador de São Paulo e reeleger sua aliada Marina Helou (Rede) à Assembleia Legislativa, ela evitou citá-lo até mesmo quando questionada sobre o assunto.

A ex-ministra do Meio Ambiente de Lula não respondeu se pretende se encontrar com o ex-presidente num futuro próximo e afirmou que não levou o rompimento para o “terreno pessoal”. Ela o chamou protocolormente de “ex-presidente” e se mostrou aberta em se reaproximar do ex-aliado em questões programáticas.

— O que existe é uma disposição, da minha parte, de fazer uma discussão em cima de uma agenda. Na democracia, a gente conversa, a gente pontua as questões que são importantes. Essa não é uma eleição normal — afirmou Marina.

Marina defendeu que um eventual terceiro mandato de Lula, cenário considerável hoje diante da liderança do petista nas pesquisas, seja um “governo de transição” — nas palavras dela, um governo para reestabilizar a democracia e recuperar as políticas públicas e relações institucionais.

Reservadamente, aliados de Marina disseram ao GLOBO que ela e Lula ainda não conversaram, mas que “falta pouco para isso acontecer”. Eles negam que a ex-ministra espere uma iniciativa do petista, e afirmam que o “passo de reaproximação” será dado pelos dois ao mesmo tempo. Não está nos planos, no entanto, um encontro público com os dois.

Marina deixou o cargo de ministra do Meio Ambiente em 2008 após divergências com os então ministros Dilma Rousseff, da Casa Civil, e Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência. No ano seguinte, abandonou o PT para filiar-se ao PV. Em 2014, quando disputou a Presidência pela segunda vez, foi alvo de uma pesada campanha difamatória do PT e perdeu a vaga no segundo turno para Aécio Neves (PSDB), para quem depois manifestou apoio. Desde então a relação entre ela e seu ex-partido nunca mais foi a mesma.

A decisão de Marina voltar ao Congresso após duas décadas, quando ela deixou o Senado para compor o ministério de Lula, passa pela urgência que o partido tem em ampliar ou mesmo manter a bancada federal, hoje de apenas uma parlamentar. A ex-senadora avalia que precisará de pelo menos 350 mil votos para se eleger, e o partido a considera o nome mais forte para a empreitada. O cálculo a levou a declinar de ser vice na chapa de Haddad ao governo paulista.

Organizado por Helou, o evento deste sábado foi prestigiado por uma série de lideranças de partidos de esquerda, como o próprio Haddad, o vereador Eduardo Suplicy (PT) e o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, cotado para ser vice do ex-prefeito de São Paulo após Marina ser cogitada como primeira opção. Os três parlamentares federais da Rede, o senador Randolfe Rodrigues (AP) e os deputados Joênia Wapichana (RR) e Túlio Gadêlha (PE), marcaram presença.