PRESENTE DA ARÁBIA

Ministro do TCU elaborou perguntas para Bolsonaro responder por escrito no caso das joias

Senador goiano pediu a suspeição de Augusto Nardes no caso

Ministro do TCU elaborou perguntas para Bolsonaro responder por escrito no caso das joias
Ministro do TCU elaborou perguntas para Bolsonaro responder por escrito no caso das joias (Foto: Reprodução)

Ministro de Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes determinou depoimentos do ex-presidente Bolsonaro (PL) e do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque no caso das joias dadas pelo governo da Arábia Saudita. As respostas deverão ser dadas por escrito e as perguntas foram listadas em despacho assinado por Nardes na última quinta (9). Confira:

  • quais foram os presentes recebidos por ocasião da visita à Arábia Saudita?
  • quais os presentes recebidos que estão em sua posse neste momento, além daqueles apreendidos, e qual o destino a ser dado para cada um deles?
  • os presentes trazidos seriam personalíssimos da ex-Primeira-Dama e do ex-Presidente da República ou seriam incorporados ao acervo do Governo Brasileiro?
  • se os presentes foram recebidos em caráter pessoal, quais as providências para o pagamento dos devidos tributos?
  • houve orientação para o envio de servidor em avião da Força Aérea Brasileira para tentar buscar nova leva de presentes encaminhados pelo Governo Saudita?

Joias de Bolsonaro

O caso se refere à tentativa do governo Bolsonaro de trazer ilegalmente para o país colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em € 3 milhões, o equivalente a R$ 16,5 milhões. As joias eram um presente do regime saudita para o então presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos. Estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que viajara ao Oriente Médio em outubro de 2021.

Ao saber que as joias haviam sido apreendidas, o ministro retornou à área da alfândega e tentou usar o cargo para liberar os diamantes. Foi nesse momento que Albuquerque disse que se tratava de um presente do governo da Arábia Saudita para Michelle. A cena foi registrada pelas câmeras de segurança, como é de praxe nesse tipo de fiscalização. Mesmo assim, o agente da Receita reteve as joias, porque, no Brasil, é obrigatória a declaração ao Fisco de qualquer bem que entre no País cujo valor seja superior a US$ 1 mil.

Pedido de suspeição

O senador por Goiás, Jorge Kajuru (PSB), solicitou ao presidente do TCU, Bruno Dantas, o reconhecimento da suspeição e impedimento do ministro Augusto Nardes para relatar e julgar o envolvimento do ex-presidente no caso. O goiano aponta na representação que há fortes indícios de peculato ou até de corrupção passiva no caso das joias.

No entanto, afirma que o ministro relator ganhou as manchetes dos jornais quando enviou áudio a um grupo de produtores rurais no WhatsApp em dizia que haver forte movimentação nas casernas e que os militares iriam realizar ações para “desenlace bastante forte na nação, [de consequências] imprevisíveis, imprevisíveis”.

O senador também diz que Nardes foi contundente em demonstrar sua parcialidade na defesa do ex-presidente quando afirmou no áudio que “agora veio o Bolsonaro que despertou a sociedade conservadora e hoje todo mundo está nas ruas aí fazendo a sua defesa desses princípios. Demoramos, mas felizmente acordamos. Demoramos, mas felizmente acordamos”.

Kajuru diz ainda que há “aparente alinhamento ideológico e companheirismo entre o ministro e o ex-presidente”. “No áudio, Nardes narra encontros e articulações com autoridades da ditatura militar. Ele também parece nutrir uma espécie de admiração e proximidade com o [ex-]Presidente quando o coloca como pessoa que conseguiu ressuscitar os conservadores no Brasil. É inegável que ele será favorável ex-presidente”, destaca.