Moraes impõe voto duro contra Bolsonaro: ‘Não teve adesão das forças armadas’
Ministro exibiu vídeos com cenas da invasão das sedes dos Três Poderes, classificando os atos como “uma verdadeira guerra campal”

O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), acatou nesta quarta-feira (26) a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Em um voto duro, Moraes afirmou que o plano liderado pelo ex-presidente foi traçado com minúcia e só não se concretizou “em toda sua potencialidade danosa” por falta de adesão integral das Forças Armadas.
“O presidente da República, autoridade suprema das Forças Armadas, reuniu os comandantes para expor o planejamento do rompimento da ordem constitucional. Isso é ato de insurreição em curso”, afirmou Moraes.
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Para embasar seu voto, o ministro exibiu vídeos com cenas da invasão das sedes dos Três Poderes, classificando os atos como “uma verdadeira guerra campal”, Moraes foi enfático ao rebater a narrativa de manifestação pacífica:
“Ninguém estava passeando. Havia uma barreira policial e todos invadiram, agredindo os policiais que jogavam gás de pimenta nas pessoas que estavam invadindo. Sempre com a intenção golpista, havia várias faixas pedindo intervenção federal. Um policial foi tirado do cavalo e agredido covardemente. Nenhuma bíblia ou batom foram vistos nestes momentos. Agora, a depredação e o ataque à polícia foram vistos.”
O voto de Moraes acolhe integralmente a denúncia da PGR, que responsabiliza Bolsonaro pela articulação de uma tentativa de golpe com apoio de aliados civis, militares e digitais. Entre as provas citadas estão a minuta do golpe, encontrada com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e mensagens que mostram tentativas de cooptar a cúpula das Forças Armadas.
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Em outro trecho marcante, Moraes lembrou que nem a máfia ataca familiares de adversários, ao mencionar mensagens em que militares legalistas, como o brigadeiro Batista Júnior, foram alvo de ofensas e ameaças estendidas à sua família. “Aqui, nem isso foi respeitado”, afirmou o ministro.
Moraes também reforçou que Bolsonaro já foi condenado à inelegibilidade por oito anos após a reunião com embaixadores — transmitida ao vivo com o uso de recursos públicos — para atacar as urnas eletrônicas com base em fake news.
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