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Moraes impõe voto duro contra Bolsonaro: ‘Não teve adesão das forças armadas’

Ministro exibiu vídeos com cenas da invasão das sedes dos Três Poderes, classificando os atos como “uma verdadeira guerra campal”

Moraes impõe voto duro contra Bolsonaro: adesão das forças armadas Ministro exibiu vídeos com cenas da invasão das sedes dos Três Poderes
(Foto: Antonio Augusto/STF)

O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), acatou nesta quarta-feira (26) a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Em um voto duro, Moraes afirmou que o plano liderado pelo ex-presidente foi traçado com minúcia e só não se concretizou “em toda sua potencialidade danosa” por falta de adesão integral das Forças Armadas.

“O presidente da República, autoridade suprema das Forças Armadas, reuniu os comandantes para expor o planejamento do rompimento da ordem constitucional. Isso é ato de insurreição em curso”, afirmou Moraes.

Para embasar seu voto, o ministro exibiu vídeos com cenas da invasão das sedes dos Três Poderes, classificando os atos como “uma verdadeira guerra campal”, Moraes foi enfático ao rebater a narrativa de manifestação pacífica:

“Ninguém estava passeando. Havia uma barreira policial e todos invadiram, agredindo os policiais que jogavam gás de pimenta nas pessoas que estavam invadindo. Sempre com a intenção golpista, havia várias faixas pedindo intervenção federal. Um policial foi tirado do cavalo e agredido covardemente. Nenhuma bíblia ou batom foram vistos nestes momentos. Agora, a depredação e o ataque à polícia foram vistos.”

O voto de Moraes acolhe integralmente a denúncia da PGR, que responsabiliza Bolsonaro pela articulação de uma tentativa de golpe com apoio de aliados civis, militares e digitais. Entre as provas citadas estão a minuta do golpe, encontrada com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e mensagens que mostram tentativas de cooptar a cúpula das Forças Armadas.

Em outro trecho marcante, Moraes lembrou que nem a máfia ataca familiares de adversários, ao mencionar mensagens em que militares legalistas, como o brigadeiro Batista Júnior, foram alvo de ofensas e ameaças estendidas à sua família. “Aqui, nem isso foi respeitado”, afirmou o ministro.

Moraes também reforçou que Bolsonaro já foi condenado à inelegibilidade por oito anos após a reunião com embaixadores — transmitida ao vivo com o uso de recursos públicos — para atacar as urnas eletrônicas com base em fake news.