SANTINHO?

MP quer que vereadores de Rio Verde justifiquem imagem vinculada a programa social

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) recomendou, na quarta-feira (15), que os vereadores de Rio…

MP pede que vereadores de Rio Verde justifiquem imagem vinculada a programa social
MP pede que vereadores de Rio Verde justifiquem imagem vinculada a programa social

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) recomendou, na quarta-feira (15), que os vereadores de Rio Verde Lúcia Helena Batista de Oliveira (PSB) e Elvis Castro Silva (PSB) retirassem de suas páginas do Facebook postagens em que vinculavam a imagem deles a um programa assistencial emergencial para combate ao novo coronavírus (Covid-19). Tão logo foram informados, os parlamentares removeram as publicações de seus perfis.

Na recomendação, feita pela promotora de Justiça Renata Dantas de Morais e Macedo, que também instaurou inquérito civil público para apurar possível ato de improbidade praticado pelos legisladores, é exposto que a dupla também fez uso do WhatsApp com o mesmo conteúdo: uma postagem em formato de santinho político, com imagem, nome e mandato que exercem na Câmara municipal vinculados ao Comitê de Enfrentamento Social e Econômico ao Coronavírus em Rio Verde (Coesec-RV) – o qual eles não fazem parte.

O programa de assistência social foi criado por conta da pandemia do novo coronavírus, com intuito de utilizar recursos públicos e arrecadar outros recursos alimentos, por meio de doações, para atender famílias carentes afetadas pela quarentena. E o comitê atuante é composto por diversas entidades, sociedade civil organizada, além de empresários.

Segundo a recomendação, utilizar o serviço público ou programa assistencial por um comitê que é composto por diversas entidades configura promoção pessoal. Ou seja, Renata Dantas observa que houve a utilização do mandato para tirar proveito pessoal. Ela, então, recomendou que os parlamentares evitem fazer referência de suas imagens ao divulgarem as ações do programa e do Coersec-RV.

Redes sociais

A promotora fixou o prazo de três dias para que Lúcia e Elvis encaminhassem resposta por escrito sobre as providências em relação a recomendação. Pelas redes sociais, ainda na quarta-feira (15), os parlamentares comentaram sobre o recomendado, após apagarem as postagens.

Lúcia, que replicou a publicação do Ministério Público, escreveu que “atendendo recomendação do Ministério Público, retirei do Facebook o informativo do contato para as famílias informar para o cadastramento na secretaria de Assistência Social (sic)”.

Elvis, por sua vez fez uma publicação mais longa. Segundo o vereador, ele buscou junto à pasta de Assistência Social informação sobre o cadastro das famílias para que pudessem receber cestas básicas, mas não teve retorno. De acordo com ele, como o também vereador, José Henrique (MDB) tinha publicado o mesmo o conteúdo, ele também o fez – o perfil do parlamentar citado foi procurado, mas não foi localizado.

“Vejam a que ponto chega a hipocrisia do ser humano, se o prefeito faz lives todos os dias e publica, estaria ele também usando publicidade paga com recursos públicos para se auto promover? No meu caso, não houve dano ao erário público”, escreveu.

INFORMATIVO Sobre minha publicação orientando onde as famílias possam cadastrarem para receber cestas básicas !O…

Posted by Elvis Hospital dos Brinquedos on Wednesday, April 15, 2020

Promotora

Ao Mais Goiás, a promotora Renata Dantas informou que, até o momento, somente a vereadora Lúcia enviou um e-mail. Nele, como na postagem de Elvis, ela afirma que a prática foi copiada de José Henrique. “Eu tive acesso a postagem de José Henrique e não é a mesma coisa. Ele fez um texto e compartilhou um vídeo oficial do Comitê, não um santinho”, explicou a membro do Ministério Público.

Acerca da publicação de Elvis, sobre cita o gestor municipal, ela afirma que Paulo do Vale tem emitido boletins diários sobre a situação do coronavírus, na condição de prefeito. “É um relato. Como gestor ele tem obrigação, não é autopromoção”, afirma ela ao ressaltar que a situação também não é a mesma dos vereadores. Ainda sobre os parlamentares, ela afirma que fica evidente que o objetivo maior não era informar, mas vincular a imagem deles a um programa social, do qual eles não fazem parte.

Acerca do programa, Renata ressalta que o mesmo tem entregado de 300 a 500 cestas básicas por dia, àqueles cadastrados em programas sociais. Porém, novos cadastros podem ser feitos pelo telefone (64) 3602-8800. O controle é feito pela equipe da Assistência Social.

Vereadores

A vereadora Lúcia informou ao Mais Goiás que ainda está dentro do prazo, pois tem até sexta-feira (17) para responder. “Quero saber que crime cometi por postar no meu Facebook?”, indagou retoricamente. Segundo ela, não houve menção ao comitê, sem sua postagem, apenas a informação com o número com uma foto, um trabalho bem simples.

Ela ainda declarou que fez a publicação após tentativas de conseguir uma divulgação oficial da pasta de assistência social e um número, que não conseguiu. Lúcia relata, também, que só publicou depois de ser informada quem vereador José Henrique tinha feito. “As têm perguntado como faz para conseguir a cesta básica”, justificou a vereadora.

De acordo com ela, toda a dificuldade é pelo fato dela ser de oposição. “Só tinha feito um comunicado, não tinha usado nome do comitê, nem nada. Com sou da oposição, pegam tudo que eu faço. Mas política é isso mesmo”, desabafou. “A única coisa que fiz foi postar um número. Não digo nem vereador, se um cidadão não puder postar dando um número…”, deixou a conclusão no ar.

Já o vereador Elvis disse que tudo foi feito com o intuito de ajudar o povo de Rio Verde. “Decidimos avisar a população, porque a prefeitura não estava divulgando”, relatou. Sobre o uso da imagem, ele diz que não caracteriza santinho, pois não tem partido e, em momento algum, é propagado que ele ou vereadora Lúcia estão doando as cestas. “É um programa feito por empresários. Simplesmente apoiamos o trabalho dos empresários e da prefeitura”, referiu-se ao comitê.

Segundo ele, foi perseguição ver aquilo como política. “Não precisamos nos propagar, temos história. Se não fosse a gente, muitos sequer saberiam dessas cestas.” Questionado acerca da investigação de improbidade, Elvis afirma que não iria debater a questão de ilegalidade ou imoralidade. Segundo ele, ainda nesta quinta-feira (16), seu departamento jurídico irá responder o Ministério Público.

Comunicado divulgado por Elvis (Foto: Reprodução)

Comunicado divulgado por Lúcia (Foto: Reprodução)

Comunicado divulgado por José Henrique (Foto: Reprodução)