Nascido em Goiânia, novo chanceler fez carreira na administração do Itamaraty
Embora próximo a Bolsonaro, goiano tem um perfil considerado mais 'low profile' quando comparado a Ernesto Araújo

Carlos Alberto França, novo chanceler escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para substituir Ernesto Araújo, nasceu em Goiânia e é tido como contido entre os pares. Aos 57 anos, o diplomata atuava como chefe do cerimonial no Palácio do Planalto e assessor direto do presidente. A escolha teria ocorrido com anuência de Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente que atua como coordenador informal das relações internacionais do país.
Servidora de carreira do Itamaraty disse ao Mais Goiás que Carlos França foi ministro conselheiro em La Paz, na Bolívia. No entanto, é um desconhecido, não tem prestígio e nunca esteve à frente de nenhuma questão relevante nas relações internacionais do país. “A primeira lotação dele foi Serviços Gerais. Ou seja, foi provavelmente um dos piores, senão o pior, classificado da turma dele”, avalia. Segundo o currículo, ele foi assistente do chefe da divisão de serviços gerais (DSG) assim que ingressou no Itamaraty, entre 1992 e 1994.
Entre as missões internacionais, Carlos França esteve lotado como segundo secretário na embaixada de Washington, entre 1999 e 2003. Posteriormente, foi secretário da embaixada em La Paz (2003-2006). Depois, primeiro-secretário e conselheiro em Assunção, no Paraguai (2006-2008). Por fim Ministro-conselheiro em Laz Paz (2008-2011).
Ideologia
Considerado pragmático, de perfil conciliador, Carlos França estudou Direito e Relações Internacionais. O nome dele também passou pelo crivo de congressistas por seguir uma linha ideológica “mais discreta”. Embora seja próximo à família Bolsonaro, o goiano não comunga diretamente com as ideias do guru Olavo de Carvalho, embora seja considerado leal.
O nome de Carlos França surgiu em contraposição a Ernesto Araújo – que acumulou polêmicas e desgastes justamente na defesa sem filtros de ideologia da extrema direita – e do embaixador em Paris, Luis Fernando Serra, cotado para assumir o posto, mas rejeitado pela proximidade com Olavo de Carvalho.
A mudança no chanceler passa pelo esgarçamento da política internacional no governo Bolsonaro, gerado por posições ideológicas que se traduziram em distanciamento do Brasil de países-chave para a aquisição de insumos e vacinas contra a Covid-19, com a China, os Estados Unidos ou a Coréia do Sul. Nas últimas semanas congressistas do Centrão passaram a pressionar o presidente para a mudança, na tentativa de dar uma guinada na imagem do país no exterior.