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Nova presidente da Caixa quer comitê de crise para apurar denúncias de assédio

Conselho de administração vai definir providências para analisar conduta de Pedro Guimarães

Nova presidente da Caixa quer comitê de crise para apurar denúncias de assédio (Foto: Agência Brasil)

Um dia após a demissão de Pedro Guimarães por denúncias de assédio sexual, o comando da Caixa Econômica Federal prepara um plano de ação para aprofundar as apurações sobre os relatos das funcionárias do banco.

Em uma das frentes, o conselho de administração da Caixa realiza uma reunião extraordinária na tarde desta quinta-feira (30) para deliberar sobre as providências a serem tomadas para apurar a conduta de Guimarães, a despeito de ele já ter se afastado do cargo.

nova indicada para a presidência do banco, Daniella Marques, também trabalha em um plano e pretende instaurar um comitê de crise na companhia para apurar os acontecimentos narrados pelas vítimas e identificar outros possíveis envolvidos.

Os dois movimentos são independentes, mas vão na mesma direção de traçar um amplo diagnóstico da situação dentro do banco, identificando eventuais falhas que permitiram a continuidade dos assédios. Outro objetivo é buscar o fortalecimento dos mecanismos de prevenção e combate ao assédio.

A avaliação preliminar é que, diante dos relatos, apenas a renúncia de Guimarães não basta. O temor é que tenha se instaurado no banco uma cultura organizacional que não pode ser tolerada.

As acusações de assédio sexual contra Guimarães foram reveladas na terça-feira (28) pelo portal Metrópoles, que relatou também a existência de uma investigação no Ministério Público Federal.

As mulheres narraram episódios como toques íntimos sem consentimento, convites incompatíveis com o ambiente profissional e outras condutas inapropriadas.

No relato das funcionárias da Caixa também surgiram acusações de que outros membros da diretoria e do gabinete de Guimarães acobertaram a situação.

O portal Metrópoles informou também que, uma das denunciantes disse que seu caso, após informado à corregedoria, chegou às mãos de auxiliares do então presidente, violando o sigilo que cabe a esse tipo de acusação.

ma funcionária da Caixa disse em depoimento à Folha de S. Paulo que também foi assediada por Guimarães, presidente da instituição. Ela afirmou ter sido puxada pelo pescoço e ter ficado em choque após o episódio. A mulher pediu para ter sua identidade preservada por receio de sofrer retaliação do comando do banco.

Guimarães pediu demissão nesta quarta-feira (29), um dia após a divulgação das denúncias. Em uma carta aberta publicada em suas redes sociais, ele negou as acusações e disse ser alvo de “rancor político em um ano eleitoral”.

Braço direito do ministro Paulo Guedes (Economia), Daniella Marques já foi oficialmente nomeada para o cargo, mas ainda aguarda a análise de seus documentos pelo comitê de elegibilidade do banco. A expectativa é que ela possa tomar posse na semana que vem.

Após a saída de Guimarães, a Caixa Econômica Federal informou que uma investigação interna sobre assédio foi instaurada em maio deste ano e ainda está em andamento.

De acordo com o comunicado, a apuração corre em sigilo, no âmbito da corregedoria, e por isso não era de conhecimento de outras áreas do banco. A nota disse que os relatos foram recebidos por meio de seu canal de denúncias.