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PF indicia Gustavo Gayer em inquérito que apura desvio de cota parlamentar; deputado se defende

Segundo congressista, Moraes disse que "eu financiei o 8 de janeiro com cota parlamentar antes de eu ser deputado"

PF indicia Gustavo Gayer em inquérito que investiga desvio de cota parlamentar
PF indicia Gustavo Gayer em inquérito que investiga desvio de cota parlamentar (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal (PF) indiciou o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) em inquérito que apura uma suposta associação criminosa que teria desviado recursos públicos por meio de cota parlamentar. O endereço destinado a um gabinete, em Goiás, seria usado para uma loja e escola de inglês, conforme a PF. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (11), mas o processo está em sigilo. Em vídeo, o parlamentar nega as acusações e afirma que o local deixou de ser uma unidade de educação em 2020, durante a pandemia, migrando para a modalidade online, e só se tornou um escritório político em 2022.

Conforme apurado pela mídia nacional, os crimes investigados são associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato (desvio de dinheiro ou bens públicos). Sobre a investigação, em outubro do ano passado, a PF realizou buscas no apartamento funcional de Gayer, em Brasília, e também em um endereço em Goiânia. À época, houve a apreensão de arquivos e do celular do deputado. Na casa de um dos assessores, os policiais também encontraram R$ 72 mil em dinheiro vivo.

Esta apuração começou após a apreensão do celular de um dos assessores do político, preso durante a apuração dos atos golpistas de 8 de Janeiro. No aparelho, os policiais encontraram indícios de desvio de cota parlamentar, que é um dinheiro que os congressistas utilizam para despesas do mandato.

À época, Gayer disse que a operação foi “surreal”. “É surreal o que está acontecendo. Não posso… Não consigo saber por que sofri busca e apreensão. Assessores meus recebendo busca e apreensão. Eu que nunca fiz nada de errado, nunca cometi nenhum crime”, disse naquele momento.

O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, na decisão daquele momento: “Gustavo Gayer é apontado nas investigações como peça central da associação criminosa investigada e autor intelectual dos possíveis crimes, responsável por direcionar as verbas parlamentares para atividades de particulares, as quais tinham o intuito de movimentar atos antidemocráticos.”

Posição de Gayer

O Mais Goiás procurou a assessoria do político. Gayer se pronunciou em vídeo. Segundo ele, a “associação criminosa” tinha como objetivo esconder uma escola de inglês e uma loja online que nunca vendeu “porcaria nenhuma”. “Indiciou todo o meu gabinete e até meu filho.”

Ainda conforme Gayer, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, disse que “eu financiei o 8 de janeiro com cota parlamentar antes de eu ser deputado”. Ele detalhou que fundou uma escola de inglês em 2013, mas, em 2020, entregou o imóvel devido à pandemia da Covid-19 e mudou a instituição para modalidade online. “Aluguei um escritório pequeno e, no início de 2022, voltei para o local, que não era mais a escola de inglês, mas um escritório político.”

O local, intitulado Bolso Point, servia para produção de um podcast e para vender produtos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pois, segundo ele, não utilizou fundo eleitoral. “Não tinha mais escola de inglês em espaço físico. Mas como saí em 2020 e voltei em 2022, esqueci de mudar o contrato social. E a PF do Alexandre de Moraes está usando isso para falar que eu tinha uma escola de inglês no meu escritório político.” Ainda segundo ele, um agente foi ao local disfarçado e perguntou se ali funcionava uma escola de inglês, o que foi negado.

O deputado afirma, inclusive, que não usa emendas parlamentares desde o primeiro ano de mandato.