DESVIOS NA EDUCAÇÃO

Polícia Federal faz buscas na casa do governador do Piauí

Agentes estiveram ainda no gabinete da primeira-dama e em endereços ligados ao irmão da deputada Rejane Dias

PF registrou queda de prisões por corrupção na gestão de diretor exonerado
PF registrou queda de prisões por corrupção na gestão de diretor exonerado (Foto: Divulgação - Polícia Federal)

A Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram na manhã desta segunda-feira, a terceira etapa da Operação Topique, que investiga suposto esquema de fraudes em licitaçãoes em contratos de transporte escolar no estado do Piauí. A casa do governador Wellington Dias (PT), o gabinete da primeira-dama do estado, a deputada federal Rejane Dias (PT), em Brasília, endereços do irmão dela e a sede da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) foram alvos de buscas na operação. Rejane Dias é ex-secretaria de Educação do estado. Os agentes da PF cumprem 11 mandados de busca e apreensão em Teresina, capital do Piauí, e um em Brasília.

Segundo a PF, servidores públicos teriam se associado a empresários para superfaturar contratos de transporte escolar. A PF diz ainda que, mesmo após as duas primeiras fases da operação, o governo do estado contratou empresas suspeitas.

De acordo com os investigadores, o prejuízo aos cofres públicos é de R$ 51.334.628,16. Servidores públicos e empresários teriam usado o esquema para desviar recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb)  e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) nos anos de 2015 e 2016.

“Os recursos públicos desviados, quantificados em relatórios de auditoria da CGU, foram obtidos a partir de pagamentos superfaturados em contratos de transporte escolar. As empresas beneficiadas, destinatárias de pagamentos em volume cada vez maior a partir de 2015, formavam um consórcio criminoso estável e estruturado, simulavam concorrência em licitações e, com participação de servidores públicos, se beneficiavam de contratos fraudulentos”, diz a PF.

Em nota, a Seduc diz que está colaborando “plenamente com a investigação em curso da Polícia Federal e sempre se colocou à total disposição dos órgãos de controle para esclarecer quaisquer questionamentos, visando a transparência e o correto funcionamento da administração pública”.

Na primeira fase da operação, deflagrada em 2 de agosto de 2018, foram investigados empresários e servidores da Seduc. A segunda fase denominada Operação Satélites foi deflagrada em 25 de setembro de 2019  e, segundo a CGU, resultou no aprofundamento das investigações e teve como objetivo “apurar casos de corrupção e de lavagem de dinheiro envolvendo agentes públicos estaduais que atuaram no alto escalão da Seduc e que tiveram participação nas licitações vencidas pelo grupo empresarial investigado”.

Após as duas primeiras fases foram identificados pela PF, MPF e CGU outros envolvidos em casos suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro, incluindo agentes públicos com participação nas licitações e na execução dose contratos relacionados às empresas investigadas.