Câmara de Goiânia

Projeto prevê cota mínima para mulheres na Mesa Diretora da Câmara de Goiânia

Um projeto prevê cota de gênero no mínimo 30% para as mulheres na composição da…

Com maioria de eleitoras, Goiás só tem duas Câmaras que elegeram mais mulheres que homens
Com maioria de eleitoras, Goiás só tem duas Câmaras que elegeram mais mulheres que homens

Um projeto prevê cota de gênero no mínimo 30% para as mulheres na composição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Goiânia, sempre que o legislativo municipal for composto por homens e mulheres. A proposta passou, nesta terça-feira (3), na Comissão Mista. A matéria é de autoria do vereador Paulo Magalhães (PSD) e também estabelece que na escolha para presidentes de comissões se observe esse número. O mínimo é de 30% de cada sexo e o máximo de 70%. “Em todas as áreas as mulheres são maioria e elas têm o direito de conquistar o seu espaço”, disse o propositor.

Segundo Paulo, a matéria já pode ir a plenário nesta semana. “Quem votar contra vai ser crucificado pelo voto feminino”, declarou o propositor. Ele acredita que o projeto será bem recebida entre os pares. Para ele, a proposta é importante, principalmente, para garantir um direito constitucional. “Mesmo que a Constituição preveja a igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres, verificamos muito preconceito e a falta do cumprimento da Lei, onde muitos cargos nunca foram ocupados por mulheres”, observou o vereador.

Visão

Priscilla Tejota (PSD) afirma que trata-se de assunto polêmico. E que há divergências até mesmo dentro do movimento feminista, que nem sempre apoia cotas. “Mas isso [as reservas] não é demérito. Não estamos dizendo que a mulher não tem competência por si própria. Somos a maioria dos eleitores, mas minoria por conta de um cenário cultural”, explicou.

Para ela, existe uma cultura que desfavorece o protagonismo da mulher, principalmente em Goiás. Priscilla aponta que, na América Latina, a média de participação é baixa. Mas no Brasil ainda mais, principalmente no estado.

Assim, a vereadora faz questão de ressaltar que, deste modo, apoia o projeto e sonha com a aprovação. “Porém, o que mais desejo é que ele não seja mais necessário. Como a política ainda não alcançou esse espaço pelo trâmite normal, a reserva é um facilitador até não ser mais necessária”, finaliza.

Eleição

Atualmente, a Casa de Leis goianiense conta com cinco parlamentares mulheres que, segundo Paulo, “têm dado um show, com trabalho sério e muita responsabilidade”. Apesar disso, a expectativa do vereador é de que, em 2020, sejam eleitas de dez a 15 legisladoras.

“Temos que dar um incentivo para que elas disputem mandados. E espero que o mesmo ocorra na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e no Congresso Nacional.” Para ele, existe a necessidade de assegurar políticas públicas que garantam o acesso igualitário das mulheres nos espaços de poder, promovendo a acessibilidade, através de incentivos e leis. “Não faz sentido permitir que o machismo, ainda presente em muitos parlamentares, tenha superioridade diante da importância e competência das mulheres”, pontuou

Tramitação

O projeto é, na verdade, uma emenda à Lei Orgânica Municipal (LOM). Desta forma, para que seja aprovado precisa de aprovação, em dois turnos, com 24 votos favoráveis, dos 35.

Se aprovado em plenário, a matéria não depende de sanção do prefeito Iris Rezende (MDB) e passa a valer após a promulgação. Se passar, ela entra em vigor em 1º de janeiro de 2021, com nova eleição da Mesa Diretora.

Atualmente, as vereadora presentes na Câmara de Goiânia são: Dra. Cristina (PSDB), Sabrina Garcêz (sem partida), Priscilla Tejota (PSD), Tatiana Lemos (PCdoB) e Leia Klebia (PSC).

 

Alego

Na Alego, a Mesa Diretora não possui nenhuma mulher – e nem mesmo na que já foi eleita para o exercício 2021-2023. De fato, a Casa de Leis do Estado só possui duas deputadas: Lêda Borges (PSDB) e Adriana Accorsi (PT).

A parlamentar petista chegou a se candidatar para a vaga de 3ª vice-presidente (para o mandato tampão até 2021), mas abriu mão com a condição de que fosse criada uma vaga permanente na mesa para mulheres. Na ocasião, o líder do governo, Bruno Peixoto (MDB), concordou com as demandas de Adriana.

Vale destacar, também, que, nesta terça-feira, a deputada Lêda Borges, aprovou, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na Alego, um projeto que cria a Procuradoria da Mulher na Assembleia. O texto teve como relator o parlamentar Hélio de Sousa (PSDB), que fez o parecer pela aprovação com a adoção de um substitutivo: transformar a Procuradoria em Comissão da Mulher.