ENTREVISTA

Rompimento entre Alcides e Vilmar é natural após críticas infundadas, diz Mendanha

Crise chegou ao ápice após exonerações de nomes indicados pelo deputado ao alto escalão da Prefeitura de Aparecida

Gustavo Mendanha, Vilmar Mariano e Alcides Ribeiro caminharam juntos na campanha em 2022 (Foto: Divulgação/Governo de Goiás)
Gustavo Mendanha, Vilmar Mariano e Alcides Ribeiro caminharam juntos na campanha em 2022 (Foto: Divulgação/Governo de Goiás)

O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota), avalia, em entrevista ao Mais Goiás, que é natural o rompimento entre o prefeito Vilmar Mariano e o deputado federal Alcides Ribeiro (PL). Segundo ele, as críticas feitas pelo parlamentar no sentido de construir uma candidatura à oposição do atual gestor “são infundadas”. O Alcides disse recentemente que a administração de Mariano “estava péssima”. Antes disso, comentou que o prefeito “não se preocupa com a gestão”.

Mesmo antes do rompimento se consolidar – com as exonerações do secretário de Educação, Divino Gustavo e o das Relações Institucionais, Cláudio Heverson, indicações do deputado federal no primeiro escalão -, professor Alcides já vinha tecendo críticas a Vilmar Mariano. Para o agora oposicionista, o prefeito abandonou a gestão e só pensa em política.

Gustavo Mendanha minimiza os comentários. “O ritmo de obras é muito acelerado, Vilmar é muito dedicado, trabalha muito, acorda muito cedo, dorme muito tarde. Está próximo da população. As críticas são infundadas, mas é natural que ele [Alcides], na oposição, tenha esse posicionamento.”, destacou.

Mendanha também destacou sobre como a polarização nacional entre o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)  poderão impactar na disputa eleitoral do município, além da participação que teve na indicação dos dois novos nomes que vão assumir os cargos – Vanilson Bueno, nas Relações Institucionais, e Idelma de Oliveira, na Educação.

Entrevista com Gustavo Mendanha

Domingos Ketelbey: Como avalia esse rompimento entre o prefeito Vilmar e o professor Alcides?

O processo foi natural. Quero enaltecer o trabalho do professor enquanto deputado federal. Tive parte dos meus mandatos, ele estando como deputado federal. Ele me ajudou muito. Mas vivemos um novo momento. Os dois secretários que eram ligados ao Alcides estavam sentindo-se desconfortáveis de alguma forma. Acho que nas últimas entrevistas o professor deixou muito claro sua disposição de disputar o mandato. Naturalmente, houve essa ruptura.

O que muda com esse rompimento no cenário das eleições 2024 em Aparecida?

Muda o quadro mas de todo o modo, todos nós já fazíamos a leitura de que ele seria adversário do Vilmar. Se pudesse, tentaria mantê-los unidos, mas faz parte da política, respeito até por conta do histórico do professor. Ele por duas ou três vezes já foi candidato a prefeito de Aparecida. Por conta das pesquisas indicarem um favoritismo dele era o momento de ser candidato. Acredito no potencial do Vilmar que tem o projeto de dar continuidade a tudo aquilo que desenhamos e construímos desde a gestão Maguito Vilela e estarei junto com ele nesse processo.

Como foi sua participação na construção da indicação e nomeação dos dois novos secretários?

As duas pessoas tem ligações comigo. O Vanilson foi meu secretário no primeiro mandato. É uma pessoa que tenho relação de amizade mas acima de tudo, é um quadro qualificado. Foi candidato a deputado, teve uma grande votação na cidade de Aparecida. Vai somar muito com o Vilmar. Da mesma forma a professora Idelma. Ela já trabalhava na administração na minha gestão. Era o braço direito do professor Gustavo que foi um bom secretário. Mas o momento é outro. Vanilson e Idelma vão contribuir muito com a gestão. Fico feliz com as escolhas que foram feitas, são pessoas que vão ajudar muito a gestão e a cidade de Aparecida.

Os bastidores indicam que essas duas nomeações fortalecem sua participação na gestão. Como avalia esse cenário?

Quando pessoas próximas a mim são indicadas, de alguma forma eu me sinto responsabilizada e tendo a poder colaborar, ajuda e estar mais próximo. Não posso aqui dizer que essas pessoas não ter ligações pessoais comigo, são pessoas que colaboraram com minha gestão e de alguma forma isso fortalece os vínculos. Sempre que sou convidado participo da gestão de alguma forma. Tenho experiência e fui gestor por dois mandatos. Sai com a aprovação muito alta. Quero colocar a disposição a experiência dos cinco anos e três meses à frente da Prefeitura para colaborar com o Vilmar. 

Alcides tem desferido muitas críticas a gestão. Ontem disse que a administração estava péssima. Em entrevista ao Mais Goiás destacou que o prefeito pensa mais na administração do que na gestão, apenas para citar algumas. O que acha disso?

Estando claro como candidato a prefeito e na oposição é natural que ele faça críticas. Acho que no começo da gestão o Vilmar enfrentou dificuldades naturais de alguém que assumiu o executivo após muitos anos no parlamento. O que a gente nota que as coisas começam a acontecer, as reclamações diminuiram. O ritmo de obras é muito acelerado, Vilmar é muito dedicado, ele trabalha muito, acorda muito cedo, dorme muito tarde. Está próximo da população. As críticas são infundadas, mas é natural que ele na oposição tenha esse posicionamento.

Vimar tem tido um trânsito muito bom com o Governo Federal. Os bastidores indicam que o presidente Lula teria dito que iria ajudá-lo nas eleições do ano que vem. Já o professor Alcides promete ter o ex-presidente Jair Bolsonaro como cabo eleitoral. Como isso pode impactar nas eleições do ano que vem?

O governador Caiado é um crítico a algumas ações do Governo Federal, nem por isso deixa de fazer parcerias. Vilmar é prefeito de uma cidade, ele tem que estabelecer parcerias com o Governo Federal, Governo Estadual e até com senadores e deputados federais de diversas legendas. Agora, o Vilmar esteve ao meu lado pedindo voto para o presidente Bolsonaro. O Vilmar não tem alinhamento de um lado para o outro, ele se define como uma pessoa de centro. Acho que ele quer ajudar a cidade. Se o Governo Federal estender a mão para ajudar Aparecida, ele não pode negar. 

Agora, política nacional e municipal são extremamente distantes e diferentes. Vamos discutir a partir do ano que vem as eleições municipais de todas as cidades do país e neste momento o que as pessoas querem saber como vai o trabalho do prefeito. O que ele vai fazer na saúde, educação, quais são as obras desenhadas. O que o prefeito tem feito, para resolver os problemas e dessa forma vamos ter um debate importante e não tenho dúvidas que o Vilmar estará preparado para enfrentar esse processo e sair vitorioso ao fim dele.

Mas vivemos num ambiente de polarização em que os presidentes pautam parcela do debate político. Defende que o Vilmar se aproveite disso nas eleições?

Eu sou uma pessoa conservadora, de direita, se esse debate no fim das contas acontecer, eu ia falar para ele estar do lado da família, dos bons principios, defendendo o setor produtivo. Agora, não podemos querer misturar política nacional com municipal. Se depender de mim, o Vilmar vai fazer uma campanha limpa e propositiva e que os aparecidenses podem contar mais uma vez com um mandato dele.