DESENTENDIMENTO

Sessão que derrubou veto de homenagem a Iris teve bate-boca

A sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Goiânia, que derrubou…

Sessão que derrubou veto de Rogério a homenagem a Iris teve bate-boca
Sessão que derrubou veto de Rogério a homenagem a Iris teve bate-boca (Foto: Jucimar Sousa - Mais Goiás)

A sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Goiânia, que derrubou o veto do prefeito Rogério Cruz à mudança do nome da Avenida Castelo Branco para Iris Rezende, também rendeu bate-boca nesta quarta (16). Isso, porque alguns vereadores se desentenderam ao falar sobre a trajetória do ex-prefeito de Goiânia falecido em novembro passado.

A briga se deu entre os vereadores Clécio Alves (MDB) e Pedro Azulão Jr. (PSB). O pessebista, destaca-se, foi o único a votar contra a derrubada do veto ao projeto de lei que é de autoria, justamente, de Clécio.

Segundo Azulão, Iris teve teve suas contas reprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Já Clécio colocou a situação na responsabilidade do ex-prefeito Paulo Garcia (PT), que faleceu em 2017. “Não teve nada a ver com o Iris não, faça-me o favor, não aceito mentiras”, disse o emedebista.

Azulão respondeu: “Eu estou te perguntando, você me respeite. É malandro sim o Iris, pronto, o que você vai fazer? Tá achando que sou funcionário seu para você ficar gritando? Me respeite.”

Após a derrubada do veto

Depois da sessão, Pedro Azulão Jr. disse à agência de notícias da Câmara que a mudança geraria transtorno na avenida. “Os comerciantes serão muito penalizados por uma troca para homenagear Iris, que já é reconhecido em Goiânia.”

Para o parlamentar, os trabalhadores serão prejudicados pela “vaidade de um vereador“, uma vez que eles terão de trocar fachadas e razão social. “Injustiça muito grande.” Já Clécio afirmou ser um projeto de 32 vereadores e que somente “meia dúzia” de comerciantes pensam diferente.

CDL contrária

Ainda no ano passado, a Câmara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL) se manifestou contrária a mudança – não só para homenagear Iris, mas também a cantora Marília Mendonça. Em carta aberta, disse que essas alterações podem gerar transtornos como prejuízos ao poder público, aos comerciantes e aos moradores, além de interferir na identidade de regiões históricas da cidade.

“O excepcional legado deixado por Iris Rezende e por Marília Mendonça, que faleceram recentemente, é inquestionável. Essas duas personalidades goianas, cada uma em sua área de atuação, tornaram-se referências não só no Estado de Goiás, mas em todo o país, merecendo, portanto, distintas homenagens. Ocorre que tais honrarias não podem, de forma alguma, gerar transtornos ou prejudicar a vivência da população local.”

A CDL argumenta que a prefeitura teria uma quantidade significativa de placas para substituir na cidade, enquanto os comerciantes teriam que arcar com despesas de alteração de “placas e fachadas; atualizações de documentos, contratos e cadastros; substituição de todo material de comunicação e de divulgação das empresas; dificuldade para que os clientes, principalmente os não habituais, se orientem nas vias; problemas na entrega de correspondências e mercadorias, dentre tantos outros transtornos e gastos impostos aos moradores e empresários instalados nessas regiões”.

Filha de Iris

O veto recente do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) teve justificativa da Procuradoria-Geral do Município (PGM). Segundo o órgão, para que a mudança de vias públicas aconteça é preciso apresentação, discussão, votação e aprovação da maioria dos moradores da região.

A filha de Iris, Ana Paula Rezende, publicou em seguida, na segunda-feira (14), um texto com críticas ao gestor da capital. “Como já ocorreu em diversas capitais, a Lei Orgânica de Goiânia permite a mudança de nome de logradouros que homenageiam ditadores ou pessoas ligadas à ditadura militar no Brasil (de 1964 a 1985). É uma pena que o pensamento de muitos seja tão pequeno”, disse em trecho.

É bom lembrar que a via homenageia Humberto de Castelo Branco, o primeiro presidente da ditadura militar brasileira, escolhido de forma indireta, em 1964, após um golpe civil-militar. Iris Rezende teve seu mandato cassado pelo regime, em 1969, após o Ato Institucional número 5 (AI-5), e seus direitos políticos suspensos.